Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Greenwald dedica prêmio de jornalismo investigativo a Snowden

Os jornalistas americanos Glenn Greenwald e Laura Poitras, primeiros a reportar sobre os documentos vazados por Edward Snowden, retornaram aos EUA, na semana passada, pela primeira vez desde o estouro do escândalo da NSA. Os dois participaram da cerimônia de premiação dos George Polk Awards, ocorrida na sexta-feira [11/4] em Nova York. Junto com os jornalistas Ewen MacAskill, do Guardian, e Barton Gellman, do Washington Post, eles receberam um prêmio pelo trabalho investigativo a respeito dos documentos vazados da NSA. Os jornalistas dedicaram o prêmio a Snowden.

“Cada um destes prêmios é a justificativa perfeita de que o gesto dele [de Snowden] ao vir a público foi a coisa certa a se fazer, portanto merece gratidão, não acusações e décadas de prisão”, declarou Greenwald em seu discurso na cerimônia. MacAskill agradeceu a Snowden por sua coragem e disse ter esperança de que ele um dia seja capaz de viajar livremente para os EUA.

Ameaça a jornalistas

A administração de Barack Obama tem um posicionamento rígido no que diz respeito a vazamento de informações, o que representa um obstáculo – e uma ameaça – ao trabalho da imprensa. Para inibir a ação de vazadores, o governo faz uso da Lei de Espionagem, que permite que fontes que fornecem informações confidenciais para a imprensa sejam processadas.

Em entrevista ao site Huffington Post, Greenwald revelou que estava motivado a voltar a seu país natal “porque certas facções no governo americano intensificaram deliberadamente o clima de ameaça aos jornalistas. É uma questão de princípios combater tais táticas que tentam me impedir de retornar ao meu país”, disse.

Em janeiro, James Clapper, diretor nacional de Inteligência dos EUA, insinuou que os jornalistas que publicam o material vazado por Snowden agiam como “cúmplices” do ex-técnico da NSA. No mês seguinte, o deputado Mike Rogers, representante do estado do Michigan e presidente do Comitê de Inteligência da Câmara, defendeu que as informações vazadas por Snowden e divulgadas por Greenwald eram “bens roubados”. Peter Thomas King, representante do Segundo Distrito Congressional de Nova York e possível candidato à presidência dos EUA em 2016, pediu que Greenwald fosse processado.

A documentarista Laura Poitras, que chegou a ser detida em aeroportos americanos “mais de 40 vezes” ao longo dos últimos seis anos por conta de suas reportagens sobre vigilância e segurança, atualmente mora em Berlim. Já Greenwald, que também é advogado, vive no Rio de Janeiro. No ano passado, David Miranda, companheiro de Greenwald, foi detido no aeroporto de Heathrow, em Londres, quando vinha de Berlim com documentos criptografados entregues a ele por Laura.