Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

YouTube incentiva canais online a conquistar público fiel

O diretor global de entretenimento do YouTube, Alex Carloss, tem incentivado os proprietários dos canais baseados no site a se concentrar na construção de uma base leal de fãs, em vez de simplesmente focar no público geral dentre os visitantes do serviço de vídeos do Google. “Um público genérico sintoniza quando é dito para sintonizar. A fanbase escolhe quando e o quê assistir”, disse Carloss na conferência da indústria de televisão MIPTV, em Cannes. “O público geral muda de canal no instante em que o programa acaba. Os fãs compartilham vídeos, comentam, criam, fazem curadoria”.

Carloss também se referiu ao YouTube como um novo “campo de batalha” entre apresentadores de talk shows americanos, citando Jimmy Fallon, Jimmy Kimmel e Conan O’Brien. “Eles perceberam que, para se obter sucesso, precisam encontrar novos públicos, o público mais jovem, que não necessariamente passa as noites assistindo à TV. Então se voltaram para o YouTube”, afirmou o diretor, lembrando que o canal de Jimmy Fallon no YouTube teve mais de 90 milhões de visualizações nas duas primeiras semanas após o apresentador assumir o comando do programa de entrevistas The Tonight Show, na rede de TV NBC.

Interatividade

Carloss também elogiou a marca You Generation, do empresário britânico Simon Cowell – mais conhecido como ex-jurado de programas como American Idol e The X-Factor –, que mantém uma espécie de show de talentos em seu canal no YouTube; e a Disney, pela interatividade com o público. À época do lançamento do filme Frozen, por exemplo, a Disney incentivou que os fãs do filme postassem no YouTube seus covers das músicas que compõem a trilha sonora do longa de animação.

“Os estúdios poderiam muito bem ter proibido este tipo de publicação, reivindicando direitos autorais, mas fizeram uma escolha diferente: a escolha amigável ao fã. Eles escolheram manter os vídeos no ar”, disse Carloss, sugerindo que o burburinho em torno do filme no YouTube contribuiu para seu bom desempenho nas bilheterias.

Rompendo barreiras

O YouTube faz questão de salientar o potencial dos vídeos para atingir um público global, ou melhor, as fanbases, afirmando que, em média, 60% da audiência dos canais vêm de fora de seus países de origem. Isto às vezes cria consequências muito maiores, como o chamado “efeito Psy”: após o sucesso mundial do vídeo Gangnam Style, o pop coreano (K-Pop) viu sua audiência no YouTube praticamente triplicar (de dois bilhões de visualizações para sete bilhões).

“Durante muito tempo, a linguagem serviu como uma barreira entre o intercâmbio cultural, mas graças ao poder dos vídeos e da internet, essas barreiras estão sendo quebradas por completo”, reiterou Carloss.

Revolução

O diretor compartilhou suas observações com Shane Smith, executivo da Vice Media, que se consolidou no mercado exatamente ao se concentrar no YouTube. Smith saudou o alcance global do site de compartilhamento de vídeos, mencionando acordos anteriores de menor impacto da Vice com empresas estabelecidas na mídia, como MTV, ESPN e CNN.

“Se você visar o que pode ser feito internacionalmente a partir da internet, não será a próxima CNN, a próxima ESPN, a próxima MTV, mas sim algo dez vezes maior que a CNN, dez vezes maior do que o ESPN, dez vezes maior do que a MTV”, disse Smith. “O número de visualizações de vídeos agora está na casa dos bilhões. Essa é a quebra de paradigmas. Essa é a revolução”.