Mathias Döpfner, executivo-chefe da Axel Springer, maior editora de jornais da Europa, acusou o Google de abusar de uma posição de monopólio na economia digital para discriminar competidores e construir um “super-Estado”. Numa carta pública escrita para Eric Schmidt, presidente do Google, publicada na semana passada no jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung, Döpfner disse que a empresa americana opera num modelo de negócios que, “em círculos menos respeitáveis, seria chamado de cartel”, discriminando competidores em seus resultados do ranking de buscas.
O executivo alemão admitiu que sua própria companhia – que publica o tabloide Bild, jornal mais vendido na Europa – é, hoje, completamente dependente do Google, fato que o assusta. “Os funcionários do Google são sempre simpáticos conosco e com outras editoras, mas não falamos de igual para igual. Como poderíamos? O Google não precisa de nós. Mas nós precisamos do Google”.
Segundo ele, desde os vazamentos feitos pelo ex-analista da NSA Edward Snowden, que revelou as conexões próximas entre os grandes provedores online dos EUA e as agências de inteligência, a visão que os cidadãos europeus tinham do Google mudou. “Ninguém sabe mais sobre os seus clientes do que o Google. Até mesmo emails privados e de negócios são lidos pelos Gmail e analisados, se necessário for”, afirmou o executivo. Segundo Döpfner, é desconcertante a visão – que ele atribuiu tanto a Schmidt como ao fundador do Facebook, Mark Zuckerberg – de que “se você não tem nada a esconder, você não tem nada a temer”. “Isso é uma visão de mundo comum num regime totalitário, não em uma sociedade livre”, concluiu.