Wednesday, 25 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

EUA limitam acesso da imprensa a informações da inteligência

A administração de Barack Obama proibiu funcionários de 17 órgãos governamentais de falar com jornalistas sobre temas ligados à inteligência do país sem permissão oficial. A ordem partiu de James Clapper Jr, diretor do Serviço de Inteligência Nacional dos EUA. Quem descumprir a regra pode ser advertido ou até mesmo demitido.

As diretrizes proíbem contato não autorizado “com a mídia sobre informação ligada à inteligência, incluindo fontes, métodos, atividades e apreciações”. Não importa se a informação em questão é confidencial ou não. Violações serão tratadas como violações de segurança. “Se a falha em cumprir esta política resultar na revelação não autorizada de informação confidencial, poderá haver redirecionamento para o Departamento de Justiça”, diz o documento.

Controle sobre as notícias

As novas normas também estabelecem que os funcionários das agências reportem qualquer contato – ainda que não planejado – com jornalistas. Oficiais de inteligência alegam que as diretrizes simplesmente tornaram uniformes e mais claras regras que já existiam nas agências americanas. Um porta-voz de Clapper ressaltou que elas não determinam que um membro da inteligência está proibido de falar com um membro da imprensa.

A aprovação das novas diretrizes foi discreta. Clapper assinou o documento em 20/3. Sem alarde, ele foi postado no site do órgão no meio de abril. Steve Aftergood, um especialista em sigilo de governo da Federação dos Cientistas Americanos, reportou sobre o assunto em seu blog, ressaltando que a política busca garantir que “as únicas notícias sobre a inteligência sejam as notícias autorizadas”. Ele afirmou que as regras vão longe demais, já que interações rotineiras entre funcionários das agências governamentais e repórteres sobre questões não confidenciais não são uma ameaça à segurança nacional, mas a pressão posta sobre elas pode ser prejudicial ao público. “A nova política irá, provavelmente, reduzir a qualidade, a independência e o conteúdo crítico sobre informações relacionadas à inteligência que chegam à imprensa e ao público”, afirmou.