Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Catar planeja novo canal como contrapeso à Al Jazeera

O governo do Catar planeja lançar um novo canal de notícias em resposta a críticas vindas de países vizinhos sobre a cobertura da rede de TV Al Jazeera. De acordo com o jornal The National, de Abu Dhabi, as críticas de países como Arábia Saudita, Egito, Bahrein e Emirados Árabes Unidos sobre como a Al Jazeera cobre as opiniões da Irmandade Muçulmana impulsionaram o Catar a desenvolver um canal de notícias chamado AlAraby, para servir de contrapeso político a sua outra emissora.

A Irmandade Muçulmana é um movimento político e religioso que prega que as regras do islamismo sejam seguidas pela sociedade como um todo e aplicadas pelo Estado. O grupo defende a sharia como base para os governos e a unificação dos países de população muçulmana.

Em países como Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, no entanto, a Irmandade Muçulmana é considerada uma organização terrorista. A Al Jazeera foi proibida de reportar no Egito e alguns de seus funcionários enfrentam julgamento no país sob acusação de colaborar com o grupo – ao qual pertence o presidente Mohamed Morsi, deposto no ano passado.

Ferramentas de poder

Segundo o The National, a nova emissora de notícias transmitirá em língua árabe e será sediada em Londres. O jornal não informou se já existe uma data de lançamento para a nova rede, mas ressaltou que funcionários já começaram a ser contratados. O principal deles seria o palestino Azmi Bishara, diretor do Centro Árabe de Pesquisa e Estudos de Política, em Doha. Bishara é próximo ao emir do Catar, xeque Tamim bin Hamad Al Thani, e conhecidamente anti-Irmandade Muçulmana.

O governo do Catar vê seus veículos de mídia como importantes ferramentas de poder no cenário internacional, e a Al Jazeera, fundada em 1996, é seu carro-chefe. A rede de TV, com sede em Doha, cresceu bastante na última década, tanto em tamanho como em prestígio, mas sua disposição em dar voz a membros da Irmandade Muçulmana – que é alinhada à posição do governo – vem irritando os vizinhos do emirado. Em março, o Bahrein, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos retiraram seus embaixadores do Catar.

O novo canal, neste sentido, serviria não apenas para o Catar ampliar sua já considerável indústria de mídia, mas também para que o xeque saia da sombra de seu pai, a quem sucedeu no ano passado, e para acalmar os ânimos dos vizinhos.