Um modelo que se tornou comum nos EUA, o jornalismo sem fins lucrativos bancado por doações de fundações só agora começa a ser implementado na Alemanha. A CORRECT!V, organização de notícias que tem como foco o jornalismo de dados, foi criada graças ao financiamento da Fundação Brost, que irá doar 1 milhão de euros por ano ao projeto, por um período de três anos.
A CORRECT!V pretende produzir reportagens que possam ser publicadas em parceria com outras organizações de mídia, no mesmo modelo da agência ProPublica. De acordo com o fundador e diretor David Schraven, a organização alemã já têm conversas adiantadas para desenvolver um programa de rádio sobre jornalismo investigativo com uma grande estação do país, além de planos para lançar livros e ebooks.
Ainda de acordo com Schraven, a CORRECT!V irá viajar pela Alemanha para ensinar jornalistas e pessoas comuns a aprender como trabalhar com jornalismo de dados, em uma iniciativa inédita no país, segundo ele.
Antes do lançamento da organização, membros da CORRECT!V se reuniram com outras organizações sem fins lucrativos, como a ProPublica e a Global Investigative Journalism Network, para discutir o projeto. Uma das lições tiradas, segundo Schraven, foi a importância da questão do financiamento. Uma das metas da CORRECT!V é conseguir outras receitas além da doação da Fundação Brost.
Obstáculo no caminho
O modelo de organizações de jornalismo sem fins lucrativos não é muito comum na Alemanha. Uma das razões é a falta de financiadores. “Infelizmente, nós não temos muitos filantropos que veem o jornalismo como um setor a ser financiado”, diz Stephen Weichert, diretor do curso de jornalismo digital da Escola de Mídia de Hamburgo.
Schraven afirma que já entrou em contato com fundações que financiam museus e outros projetos culturais e acredita que conseguirá alterar a dificuldade de se conseguir financiamento para projetos jornalísticos. “Eles perceberam os problemas que nós estamos tendo com os nossos jornais. Eles veem que a nossa indústria de notícias está com problemas. Eu estou convencido que posso convencer alguns deles a nos financiar”.