Friday, 08 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1313

Conselho do ‘Washington Post’ abole uso de termo ofensivo

O Conselho Editorial do Washington Post anunciou [22/8] que não usará mais o termo “redskins” em seus textos. A palavra, que traduz-se como “peles vermelhas” e se refere aos nativos-americanos, é considerada racista nos EUA. O problema é que Redskins também é o nome do time de futebol americano de Washington.

Em seu artigo, o Conselho Editorial lembra que há anos pede que o time mude seu nome. Em 1992, o apelo foi feito ao então dono dos Washington Redskins, Jack Kent Cooke, que o rejeitou. O atual dono da equipe, Daniel Snyder, também parece não dar bola ao jornal ou a críticas de entidades indígenas. Até o prefeito de Washington já demonstrou desconforto em usar a palavra em um discurso.

Em junho, o Escritório de Patentes e Marcas dos EUA cancelou o registro da marca dos Washington Redskins, alegando que o nome e o logo do time são depreciativos. A decisão é mais simbólica do que concreta: não obriga o Redskins a mudar o nome, mas fortalece a campanha dos críticos.

“A questão nos parece mais clara do que nunca”, escreve o Conselho Editorial do Post, “e enquanto esperamos que a Liga Nacional de Futebol Americano [conhecida pela sigla NFL] atinja uma opinião sensata, nós decidimos que, exceto quando for essencial para clareza ou efeito, não usaremos mais o insulto”.

O editor-executivo do Post, Martin Baron, informou que a decisão do Conselho não afeta a cobertura jornalística do diário, que continuará a usar o termo para se referir ao time. “A redação do Post e a página editorial são independentes”, explicou Baron. “A política padrão na redação sempre foi usar os nomes que instituições escolheram para si próprias. Esta continua a ser nossa política, e nós continuamos a cobrir vigorosamente a controvérsia sobre o nome do time e a evitar qualquer papel de ativismo nesta questão”.

O vice-presidente de comunicação do Redskins, Tony Wyllie, afirmou que o anúncio não foi uma surpresa. “O Conselho Editorial se opõe ao nome dos Washington Redskins há mais de 30 anos. Nós gostaríamos apenas que eles tivessem aceitado nosso convite para visitar diversas reservas para ver quantos nativos-americanos aceitam e valorizam o nome”, disse.

Em uma declaração conjunta, Ray Halbritter, representante da tribo Oneida, do estado de Nova York, e Jacqueline Pata, diretora-executiva do Congresso Nacional de Índios Americanos, classificaram a decisão do Conselho Editorial do Post de “apropriada e nobre”. Eles defendem que veículos de mídia devem decidir “de que lado estão – se irão continuar a promover uma ofensa racial ou se irão para o lado correto da história”.

O Conselho Editorial ressaltou não acreditar que os fãs que defendem o nome do time tenham sentimento ou motivação racista, como também não os tem o dono da equipe. “Mas o fato é: a palavra é insultante. Você não sonharia em chamar alguém de ‘redskin’ na frente da pessoa”, conclui o artigo.