A Bloomberg News, agência especializada na cobertura do mercado financeiro, adota uma linha editorial curiosa diante de notícias que envolvam o dono e fundador de sua empresa mãe, Michael Bloomberg, ou a própria companhia: o site simplesmente as ignora.
Um dos exemplos onde é possível observar essa postura é a lista dos maiores bilionários do mundo. Bloomberg, que no ranking da Forbes aparece na 15ª posição com uma fortuna de 33.6 bilhões de dólares, não figura em nenhuma posição em ranking similar publicado por sua empresa. A política editorial da Bloomberg News diz que seus veículos não publicam pautas sobre a companhia ou cobrem a “fortuna ou vida pessoal” de seu fundador e proprietário – Michael Bloomberg detém 88% da Bloomberg L.P.
Estas regras foram postas em prática recentemente, quando diversos veículos de imprensa noticiaram que Bloomberg, depois de deixar o cargo de prefeito de Nova York, estaria retornando ao controle de sua companhia. A Bloomberg News não reportou a história; emitiu apenas um comunicado. E mesmo esse comunicado só foi divulgado após publicação de matéria no New York Times que trazia aspas do próprio Bloomberg.
Outros grandes veículos de mídia nos EUA adotam postura bem diferente da Bloomberg News. O Wall Street Journal cobriu o escândalo das escutas telefônicas no tabloide britânico News Of The World, que pertence ao mesmo grupo, a News Corporation, do magnata Rupert Murdoch. O New York Times, por sua vez, cobriu a demissão da editora-executiva Jill Abramson.
O editor-chefe da Bloomberg News, Matthew Winkler, defende a política da empresa: “Reportar sobre a própria companhia é um inerente conflito de interesse e nenhum meio de comunicação o faz bem”.