A maior parte da mídia britânica celebrou o resultado do plebiscito que decidiu pela permanência da Escócia como parte do Reino Unido. No dia seguinte à votação [19/9], alguns jornais traziam em suas capas a “Union Jack”, bandeira britânica, enquanto outros estampavam fotos de pessoas comemorando e do premiê escocês, Alex Salmond, desapontado.
Salmond, que era um dos principais defensores da independência da Escócia, renunciou após o resultado. Já o primeiro-ministro britânico, David Cameron, celebrou a vitória do “não” por 55% dos votos. Cerca de 85% dos escoceses foram às urnas decidir sobre o futuro do país, no maior índice de comparecimento a uma votação no Reino Unido desde o início da década de 1950.
Além de Cameron e da maioria dos jornais britânicos, o resultado foi bem recebido especialmente pela BBC. A independência da Escócia teria tido um grande impacto no funcionamento da rede pública britânica.
Perda de receita
Enquanto os nacionalistas escoceses alegavam que uma Escócia independente poderia ganhar uma nova organização de comunicação e continuar a ter acesso à programação da BBC pagando a taxa atual de transmissão, o governo britânico insistia que a Escócia e a BBC teriam que se separar, o que significaria a redução da receita da rede.
“Uma situação muito difícil foi evitada”, afirmou um jornalista da BBC. Já o comentarista de mídia Stewart Purvis, professor de jornalismo televisivo na City University, de Londres, avalia que a vitória do “não” deve ter provocado um “grande alívio” entre os executivos da rede. “Uma votação pelo ‘sim’ tiraria 10% da renda da BBC”.
Ao longo da campanha pela independência, que durou dois anos, a rede manteve-se calada sobre o impacto que a separação da Escócia teria sobre ela, alegando que qualquer comentário ou análise sobre a questão afetaria seu papel como organização de notícias imparcial.
A postura da BBC não evitou, no entanto, que nacionalistas protestassem contra sua cobertura, acusando-a de tendenciosa. A rede foi alvo de diversas manifestações ao longo dos últimos meses, com pedidos, inclusive, pela demissão de seu editor de política.
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