O Irã bloqueou o acesso a uma página da rede social Instagram que mostrava a vida de jovens ricos da capital, Teerã. A página gerou indignação no país e provocou a criação de um perfil rival que mostra crianças iranianas pobres.
Criada em setembro, o perfil Rich Kids of Tehran (Crianças ricas de Teerã) já atraiu mais de 100 mil seguidores na rede social. Os criadores afirmam que queriam mostrar uma outra imagem do país, diferentes dos estereótipos que, segundo eles, são divulgados pelo Ocidente. Entre as fotos postadas, estavam imagens de carros de luxo, relógios caros, mansões e festas com mulheres sem o véu obrigatório no país. Depois da proibição, a página ressurgiu com novas fotos – as antigas foram apagadas – e a explicação de que havia sido encerrada por conta da grande quantidade de “publicidade falsa”.
A conta do Instagram foi bloqueada devido a seu “conteúdo vulgar”. Na primeira foto publicada na nova versão da conta, há uma explicação: “Nós mudamos o modo como o mundo nos vê. As pessoas não usam camelos como meio de transporte, mas algumas escolhem usar ‘cavalos italianos e alemães’. Não tínhamos más intenções e não somos contra ninguém. Queríamos mostrar o lado luxuoso de Teerã para o mundo. […] Amamos nosso país e, como qualquer outro país, temos pessoas ricas e pessoas menos favorecidas”.
A mensagem ressalta ainda que algumas das fotos postadas haviam sido tiradas no exterior por pessoas de Teerã. “As fotos de garrafas [de bebida alcóolica] e biquínis não foram tiradas no Irã. Todas as pessoas jovens retratadas nesta conta respeitam as leis do governo”, encerrava o texto.
Muitos dos jovens que apareciam nas imagens apagadas eram filhos da elite do país; por esta razão, não foram punidos pelas autoridades. Não tiveram a mesma sorte seis jovens que fizeram um vídeo em que aparecem dançando e se divertindo juntos. O grupo foi condenado a um ano de prisão – pelas leis islâmicas, as mulheres não podem aparecer em público sem o véu e homens e mulheres não podem dançar juntos. Os jovens receberam sentença suspensa de três anos, o que significa que só serão presos se voltarem a violar a lei neste período.