A organização de defesa aos direitos de expressão e a liberdade de imprensa PEN American Center divulgou, no fim de outubro, um relatório onde analisa as violações de liberdade de imprensa cometidas durante os protestos na cidade de Ferguson, no estado americano do Missouri. No documento, intitulado “Press Freedom Under Fire In Ferguson” (Liberdade de imprensa sob ataque em Ferguson), a organização faz duras críticas aos métodos utilizados pelas forças policiais para tratar os órgãos de imprensa durante os protestos e pede que o Departamento de Justiça americano realize uma investigação sobre as violações.
De acordo com Katy Glenn Bass, vice-diretora dos programas de liberdade de expressão do PEN, “a imprensa desempenha um papel crítico documentando e disseminando informações sobre violações de direitos humanos, incluindo aquelas que ocorreram durante os protestos”. Ela continua: “O padrão de violações de liberdade de imprensa observado em Ferguson é problemático não apenas porque sugere uma quebra na comunicação entre a polícia e o quarto poder mas também porque restringe o fluxo de informação para o público sobre as ações policiais, limitando assim a capacidade de responsabilizar a polícia por sua má conduta.”
O relatório descreve uma série de interferências policiais no trabalho dos jornalistas que cobriam os protestos de agosto, que tiveram início após a morte de um jovem negro, Michael Brown, por um policial. Entre os exemplos citados estão a decisão de limitar o acesso dos jornalistas às áreas dos protestos, acusações de ameaças por parte da polícia contra jornalistas e fotógrafos e a prisão de 21 profissionais de imprensa.
Jornalistas profissionais e cidadãos
A divulgação do documento do PEN ocorreu após outro relatório, produzido pela Anistia Internacional, destacar uma série de violações aos direitos humanos cometidas durante os protestos em Ferguson, incluindo a detenção de jornalistas. Um ponto em comum entre ambos os relatórios foi a reclamação do uso pelas forças policiais de extrema violência ao responder aos protestos, incluindo o uso de rifles de assalto, gás lacrimogêneo, spray de pimenta e balas de borracha.
O relatório do PEN também ressalta que a definição de imprensa se expandiu recentemente, já que durante os protestos qualquer pessoa com um smartphone e uma conta no Twitter e Instagram poderia ser descrita como um jornalista informando o público.
Ao falar sobre a linha tênue que separa jornalistas profissionais e pessoas comuns que cobrem os protestos e os desafios que isso impõe aos policiais, Susanne Nossel, diretora executiva da organização, lembrou que “o direito mais importante da imprensa é o mesmo direito que qualquer cidadão comum tem, de fazer perguntas, se comunicar e estar em um lugar público.”