Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Aplicativo de vídeos curtos ganha espaço no jornalismo

O Vine é um aplicativo de compartilhamento de vídeo que permite que um usuário filme e edite clipes de seis segundos de duração e depois os publique na internet. Fundado em junho de 2012, o aplicativo, que foi comprado pelo Twitter em outubro do mesmo ano, informa que mais de 100 milhões de pessoas já assistiram a seus vídeos. Embora ainda seja usado principalmente para gags visuais e na construção de esquetes de humor, o Vine está se tornando uma ferramenta de comunicação jornalística cada vez mais popular.

O repórter turco Tulin Daloglu, colunista do Al-Monitor, foi um dos primeiros jornalistas a utilizar o Vine para cobrir notícias de última hora, capturando as consequências de um ataque terrorista contra a embaixada americana no início de fevereiro de 2013.

Os vídeos curtos (que são chamados de “vines”) também já foram utilizados por veículos como o jornal britânico The Guardian e o americano Wall Street Journal, e para informar, por exemplo, sobre os protestos em Ferguson, sobre os protestos estudantis relativos ao plebiscito da independência da Escócia ou sobre a epidemia de Ebola em Serra Leoa. Como os vídeos duram pouco e são em baixa resolução, podem ser carregados mesmo em conexões lentas, o que torna o Vine ideal para condições desfavoráveis de cobertura.

Interação com o meio

Nic Newman, pesquisador adjunto no Instituto Reuters para o Estudo de Jornalismo na Universidade de Oxford, diz que, assim como fizeram com o Twitter, os jornalistas estão usando o Vine para interagir com o meio.

De acordo com as pesquisas de Newman, a forma como o público consome notícias está mudando drasticamente, e isto é resultado da onipresença de smartphones e de mídias sociais. Ele descreve o novo estilo de consumo como um “beslicar” da notícia – “beliscar” no sentido gastronômico mesmo, de consumir em pequenas porções esporádicas. “Em vez de sentar-se num sofá durante um período pré-determinado para consumir, a internet permitiu que o espectador se colocasse no controle, consumindo nacos de notícias em seu intervalo de almoço ou enquanto aguarda pelo ônibus”, explica o pesquisador. Porém, o empecilho deste formato é que o público está muito menos propenso a voltar toda a sua atenção ao conteúdo.

Marc Blank-Settle, jornalista responsável pelo departamento de mídias sociais e mídias móveis na BBC de Londres, alerta que profissionais de imprensa devem ter cuidado ao tentar fazer muito em seis segundos. “Seis segundos são apenas 20 palavras. Um jornalista que tenta resumir a história no Vine se coloca em terreno muito mais frágil do que aquele que pode usá-lo para mostrar um dos aspectos de uma reportagem”.