Wednesday, 25 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Relatório BuzzFeed: rede social em alta, homepage em baixa

As redes sociais mudaram o modo como as pessoas consomem notícias na internet. Mais gente chega a um site de notícias através do Twitter e do Facebook do que através de pesquisas feitas em mecanismos de busca, como o Google. Em um relatório de tendências da indústria midiática divulgado no fim de novembro, o site BuzzFeed indica que a ideia de homepage como página principal e, consequentemente, espaço mais importante de um site noticioso está enfraquecida.

A função das organizações de mídia na “era do social” mudou, afirma o vice-presidente do BuzzFeed na Europa, Will Hayward. “No BuzzFeed, nós não nos reunimos para falar sobre nossa homepage. Nos reunimos e falamos sobre o Facebook e sobre o Twitter e sobre compartilhamentos”. Hoje, continua ele, as organizações de mídia precisam saber criar conteúdo que é “bom o suficiente” para ser compartilhado.

O próprio BuzzFeed, no relatório, indica que seu tráfego social é cinco vezes maior que o tráfego via ferramenta de buscas. O site tornou-se caso de sucesso ao misturar (pouco) jornalismo com (muitas) listas de curiosidades sobre qualquer assunto possível: “48 momentos dramáticos que todo mundo já passou na cozinha” e “41 gatos que tiveram um ano pior do que o seu” são alguns exemplos – e note que vídeos com gatos são extremamente populares.

Organizações que estão ficando para trás, diz Hayward, “ainda acham que o segredo do BuzzFeed são as listas ou os testes, quando na verdade não é nada disso; é pensar sobre compartilhamento, é sobre aceitar que as pessoas vão encontrar o seu conteúdo nas redes sociais”. Para o vice-presidente, humor e um ponto de vista local são elementos que ajudam a fazer com que as pessoas compartilhem artigos. Além disso, textos jornalísticos têm sucesso nas redes sociais quando trazem alguma reflexão original.

Vídeos e aplicativos de mensagens

Além da questão do compartilhamento, o BuzzFeed também se preocupa com outra tendência: o uso de aparelhos móveis para o consumo de internet. Pelo menos 60% do tráfego via mídias sociais do site vêm de smartphones e tablets. A geração conhecida como millenial – nascida entre 1980 e 2000 – costuma fazer uso do smartphone por mais de cinco horas diárias. O BuzzFeed tem um botão de compartilhamento via WhatsApp em seu site há quase um ano, e recentemente lançou uma conta oficial no aplicativo de troca de mensagens WeChat.

Outra tendência da indústria, segundo o relatório, é o aumento da popularidade do consumo de vídeos em aparelhos móveis. De acordo com números do YouTube, pouco mais da metade do acesso a vídeos do BuzzFeed vem de celulares ou tablets. Nos EUA, as pessoas passam mais tempo assistindo a vídeos em aparelhos móveis do que no computador de mesa. Com base em medições feitas pelos institutos de pesquisa Nielsen e comScore, o BuzzFeed tem, hoje, nos EUA, mais alcance do que a CNN, por exemplo – e essa tendência é ainda mais acentuada entre os millenials. “Eu acho que a maioria das companhias de mídia subestima o quanto as coisas irão mudar”, resume Hayward.

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