Wednesday, 25 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

FBI não descarta usar jornalismo como arma de investigação

James Comey, diretor do FBI, não descarta a possibilidade de um agente do órgão de inteligência americano se passar novamente por um repórter como parte de uma investigação. A afirmação foi feita durante uma entrevista em 9/12. Em novembro, Comey havia admitido que um agente fingiu ser um jornalista da agência de notícias Associated Press em 2007, durante uma investigação sobre ameaças de bomba feitas a uma escola americana no Estado de Washington.

O caso foi revelado depois que um membro da ONG União Americana pelas Liberdades Civis encontrou, em um documento obtido e divulgado pela ONG Electronic Frontier Foundation, a revelação de que o FBI havia fabricado uma notícia e uma página falsas do site do jornal Seattle Times a fim de obter acesso ao computador do suspeito pelas ameaças. Apesar de estar disponível desde 2011, aparentemente o documento não havia chamado a atenção de ninguém.

Pouco tempo depois da revelação, Comey acabou contando ao New York Times que o link para a falsa página do jornal havia sido enviado ao suspeito por meio de um agente que se passou pelo autor da matéria, que pediu que ele verificasse algumas informações contidas nela. Quando o suspeito abriu o link, seu computador foi infectado e o FBI passou a ter acesso remoto a ele.

Disfarces fazem parte do trabalho

O Seattle Times e a AP criticaram a prática da agência de inteligência. Em carta ao Departamento de Justiça, a AP afirmou que tal prática “manchava” o legado de objetividade, verdade e integridade da agência de notícias e desvalorizava a importância dos direitos de uma imprensa livre no país.

Em resposta, Comey disse que, apesar de não ter conhecimento de episódio similar desde então, acredita que a prática foi adequada no caso em questão. Segundo o diretor, tal manobra é rara e deve ser realizada cuidadosamente e com supervisão.

A AP fez, ainda, um apelo para que o FBI criasse políticas para garantir que este tipo de estratégia não fosse mais usada. Questionado se o órgão juraria nunca mais usar a prática de se passar por uma instituição jornalística, Comey disse aos repórteres, em entrevista em dezembro, que “não poderia dizer a palavra nunca”. “Eu não estou disposto a dizer nunca, assim como não diria que nunca iremos nos passar por um professor ou um médico ou, eu não sei, um cientista de foguetes”, declarou.

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