Em 2014, as empresas de jornalismo digital cresceram, receberam grandes investimentos e algumas se tornaram grandes conglomerados, com canais de TV, aplicativos e até planos para produzir filmes em parceria com grandes estúdios de Hollywood.
Há três anos, a AOL pagou 315 milhões de dólares pelo site Huffington Post, que, na época, tinha acabado de registrar receita de aproximadamente 60 milhões de dólares. Hoje, esse valor parece pequeno. O BuzzFeed, por exemplo, que irá fechar 2014 com receita ultrapassando os 100 milhões de dólares, recebeu um investimento de mais de 50 milhões e está avaliado em cerca de 850 milhões de dólares. Já a Vox Media recebeu 46 milhões de dólares em investimentos e está avaliada em 380 milhões.
A empresa digital de maior sucesso dessa nova era, a Vice Media, arrecadou mais de 500 milhões de dólares em investimentos e está avaliada em mais de 2.5 bilhões. Segundo Shane Smith, seu fundador, a empresa tem como objetivo conseguir um bilhão de dólares em receita em 2015.
Ainda que nem todas as empresas digitais com foco no jornalismo que receberam grandes investimentos em 2014 venham a ser lucrativas no futuro, o mercado digital se mostrou uma boa área para investidores e anunciantes. Porém, as boas notícias não necessariamente se aplicam a todas as empresas do tipo.
É o caso, por exemplo, da New Republic e da First Look Media, que produzem material jornalístico de alta qualidade, mas cujo conteúdo não atrai a grande massa de consumidores da internet. Hoje, elas encontram dificuldades para aumentar sua receita.
Mercado móvel
No disputado mercado de notícias digitais, se você não consegue atingir uma audiência de 20 a 30 milhões de visitantes por mês, terá dificuldades para conseguir anunciantes. Outro fator é o crescente mercado de notícias produzidas para aparelhos móveis. Cada vez mais, os usuários americanos deixam de consumir notícias através da navegação pelo desktop e passam a utilizar celulares e tablets, principalmente a disputada geração millennial, alvo preferencial dos anunciantes, por isso ou a empresa se torna uma “plataforma” ou acaba se utilizando de outras plataformas – como o Facebook, Tumblr, WordPress ou YouTube – para divulgar seu conteúdo.
A First Look Media, criada pelo bilionário Pierre Omidyar, que já vem encontrando problemas para conciliar as tensões entre fundar uma startup e subsidiar jornalismo de conteúdo relevante, poderia ter desafios menores se tivesse surgido na antiga era da internet, quando os sites ainda eram consumidos em sua maioria através da navegação pelo desktop. Atualmente, com o crescimento do universo das empresas digitais criadas para o mercado móvel, as dificuldades para conseguir atrair uma grande audiência, anunciantes e se manter rentável são cada vez maiores.