Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Após debandada, editor-chefe quer redação diversificada

Em seu primeiro comunicado como editor-chefe da New Republic, Gabriel Snyder prometeu que a revista continuará a ser lar de um “jornalismo ambicioso, de ideias provocativas e novas formas de narrativas”. Snyder disse também que pretende que a revista seja mais inclusiva, dando voz para diferentes gêneros e raças.

Gabriel Snyder assumiu o comando da New Republic após um mês tumultuado. No início de dezembro, após completar seu primeiro centenário, 55 membros da equipe, entre repórteres, redatores e editores, pediram demissão. Tratava-se de um protesto pela demissão do editor-chefe, Franklin Foer. O primeiro a seguir Foer foi o editor literário Leon Wieseltier, que ocupava o cargo há três décadas.

A mudança na liderança fazia parte de um plano do dono da revista, Chris Hughes, para reformular a publicação e transformá-la em uma “companhia de mídia digital verticalmente integrada”. Cofundador do Facebook, Hughes, de 31 anos, comprou a New Republic em 2012. Com a saída de dois terços da redação, a revista foi obrigada a cancelar a última edição do ano.

Fases turbulentas

No comunicado, Snyder lembrou que, desde a sua fundação, em 1914, a New Republic enfrentou, por diversas vezes, tempos tumultuados. “As primeiras décadas da revista foram marcadas por trocas de donos, demissões repentinas de editores, mudanças de posições políticas, todas acompanhadas por levantes pelas diretorias”, afirmou o novo editor-chefe.

Snyder disse ainda que a revista irá aderir aos valores do cofundador Herbert Croly, que disse, na época de sua fundação, que a New Republic pretendia representar princípios progressistas e ser independente de partidos e políticos. “Se os nosso fundadores se reunissem hoje para decidir a melhor forma para atingir esse objetivo, eles não iriam escolher uma revista impressa semanalmente e também não ignorariam o vasto leque de possibilidades de publicações digitais”, ressaltou, em uma aparente referência às discordâncias entre os executivos e a redação. Diante do anúncio de remodelação digital e da redução de vinte para dez edições anuais, a equipe editorial passou a temer que a tradição de jornalismo narrativo e crítica cultural aprofundada desaparecesse na busca por cliques e page views.

Snyder prometeu manter o jornalismo ambicioso e dar lugar à diversidade na construção da nova redação. “À medida que reconstruímos nossa equipe editorial, iremos procurar jornalistas talentosos que, anteriormente, podiam não se sentir bem-vindos na New Republic. Se essa publicação quer ser influente e não apenas sobreviver, não pode mais representar apenas a visão de uma classe privilegiada ou ser atrativa apenas para uma pequena parcela da elite política”.

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