O Nieman Journalism Lab, laboratório de estudos sobre a mídia da Fundação Nieman para o Jornalismo, em Harvard, encerrou 2014 com uma série de artigos com previsões para o futuro do jornalismo – mais precisamente, o futuro em 2015. Foram convocados 65 profissionais que atuam na área para colocar, em artigos, o que acreditam que será relevante neste ano.
Entre os autores estão funcionários das mais variadas organizações, como Raju Narisetti, vice-presidente sênior de estratégia na News Corp; Cory Haik, produtora executiva e editora para notícias digitais do Washington Post; e Richard Tofel, presidente da ProPublica.
Algumas das considerações nos artigos
A melhora na economia e, consequentemente, no setor publicitário, acabará levando os jornais e revistas a uma forte tentação: ver este cenário como um sinal de alívio após uma década de sofrimento. Para Richard Tofel, da organização de jornalismo investigativo ProPublica, isso seria um grande erro. “Os publishers deveriam usar este tempo de respiro que virá para ampliar seus investimentos no sentido de transformar seus produtos, acelerar a mudança em suas publicações, focar em conteúdo e serviços verdadeiramente distintos, desenvolver ou expandir novas fontes de receita (incluindo eventos e, talvez, serviços que possam ser alavancados por alguma marca tradicional), tornar-se digitais na prática, mais do que na retórica. Resistir à tentação ao lucro agora pode abrandar perdas mais tarde”.
Craig Saila, diretor de produtos digitais do Globe and Mail, escreveu sobre a relação do jornalismo com as novas ferramentas tecnológicas. “A tecnologia vai continuar a desafiar o modelo de negócios das notícias, mas o jornalismo não pode temer as mudanças. As pessoas querem ler as histórias contadas por uma redação focada que conhece a sua missão. Publishers que apoiem editores experientes com o uso de ferramentas inteligentes de recomendação verão que eles atraíram a atenção do público necessário para a sobrevivência de seu negócio”.
A jornalista e escritora de Los Angeles Maria Bustillos aposta no sucesso das assinaturas digitais. “A New Yorker, o Financial Times e o New York Times estão provando que os leitores pagam por acesso online a conteúdo que valha a pena”, diz ela. “Como leitora, eu estou disposta a pagar por publicações mais bem administradas, bem editadas e com um visual melhor. Eu não quero depender do Pinterest, ou do Facebook, ou até do Google, para saber o que preciso”.
Cory Haik, do Washington Post, mostra-se otimista com o jornalismo em 2015 – que, segundo ela, será “o ano do leitor”. Cory aponta o aumento do número de leitores que acessam as notícias via smartphones e tablets como o motivo de seu otimismo. “A única coisa que devemos buscar em 2015 são as notícias. Os leitores estão aqui, especialmente nos telefones. O desafio é cativá-los ainda mais. Esta é uma oportunidade jornalística fantástica”.
Um índice com todos os artigos (em inglês) pode ser encontrado aqui.