O jornal americano Los Angeles Times anunciou [17/2] uma parceria com o jornalista José Antonio Vargas, conhecido por sua cruzada para alterar a política imigratória dos EUA. Será criada uma plataforma multimídia batizada de #EmergingUS, que “irá analisar a mistura de raça, imigração, identidade e as complexidades do multiculturalismo” do país. Vargas irá liderar o projeto escrevendo comentários, produzindo vídeos, gráficos e outros conteúdos digitais.
Um dos objetivos da iniciativa é “ajudar a criar um diálogo sobre essas questões numa época em que as mudanças demográficas estão alterando a cara do país”, anunciou o jornal no comunicado à imprensa.
Vargas, de origem filipina, ficou conhecido ao revelar em uma matéria na revista do New York Times, em 2011, que vive nos EUA desde os 12 anos de idade como imigrante sem documentos – posteriormente, ele fez uma campanha pelo fim do uso do termo “imigrante ilegal” na imprensa americana. O jornalista também dirigiu, produziu e estrelou o documentário Documented, em que relata sua experiência. O jornalista já trabalhou em veículos como Washington Post – onde ganhou um Pulitzer em 2008 –, San Francisco Chronicle e Huffington Post.
“Los Angeles é uma das cidades mais diversificadas do nosso país, e uma janela para a Ásia e América Latina. Los Angeles é onde a América olha para ver o seu futuro, e parte desse futuro será construído numa melhor compreensão de como a diversidade faz parte das nossas vida”, declarou o publisher e CEO do LA Times, Austin Beutner.
Promessa de imparcialidade
Vargas elogiou a iniciativa do jornal e disse que as redes sociais e a proliferação das novas tecnologias favorecem o projeto. “Numa América diversificada na era das redes sociais e das novas tecnologias, quando diferentes narrativas precisam ser contadas, eu não consigo pensar em um momento melhor e mais excitante para começar esse empreendimento”.
De acordo com Beutner, Vargas irá atuar no projeto como jornalista, e não como ativista. “José é único e a pessoa ideal para analisar essas questões e descobrir histórias que irão nos informar. Isso é um tópico importante que deve ser discutido. Não é para ser defendido, e não será. Mas o simples fato de que nós estaremos contando mais histórias sobre isso nos ajudará a mudar a forma como as pessoas veem essa questão”, afirmou.
Assim como outros veículos em que Vargas já trabalhou, o LA Times não pode contratá-lo por causa de seu status de imigrante sem documentos. Por isso, ele é tratado como “parceiro”, e não funcionário da organização.