Os eleitores do estado do Rio também têm seu veículo para monitorar a atuação dos deputados. Inaugurada em 2004, a TV Alerj tem programação 24 horas, das quais pelo menos quatro são dedicadas às transmissões das sessões do plenário da Assembleia Legislativa. No dia em que a equipe da Revista da TV esteve lá, por exemplo, a deputada estadual Clarissa Garotinho (PR) espinafrava abertamente o presidente da Casa, Paulo Melo (PMDB), e o líder de seu partido, Iranildo Campos, por conta da polêmica de sua não inclusão na Comissão de Educação. Estava na tela da TV, para quem quisesse ver.
‘O objetivo é sempre a transparência. Estamos aqui para que a população possa acompanhar os representantes que elegeu’, defende Aristides Boyd, diretor da TV Alerj. Mas nem só de plenário vive a programação do canal. Os cerca de 30 funcionários – repórteres, produtores, coordenadores e estagiários – desenvolvem uma série de programas culturais, muitos em parceria com os próprios deputados. O Toda mulher, por exemplo, foi sugerido pela parlamentar Inês Pandeló (PT) que, ao lado da apresentadora Graciela Vizzotto, entrevista semanalmente mulheres de diversos setores da sociedade. ‘Procuramos fazer grades diversificadas, para dar mais leveza ao canal. Produzimos programas ligados à cultura e à história do Rio de Janeiro. Agora, por exemplo, estamos gravando um que conta as histórias por trás dos nomes das ruas da cidade’, conta Boyd, lembrando que o canal ainda exibe produções de instituições parceiras, como a Uerj, a Fiocruz e as TVs Câmara e Senado.
Para cobrir o plenário ao vivo e produzir suas atrações, a TV Alerj dispõe de um estúdio, duas mesas de corte, cinco câmeras robôs e dois equipamentos para gravação de externas. E quanta audiência todo esse esforço e estrutura proporcionam? O diretor não sabe e, na realidade, não parece se importar: ‘Ah, deve ser traço, né? Não encomendamos pesquisa, não, é muito caro. Nossa intenção nem é ter audiência, falamos sobre um assunto muito específico. Sabemos que não é para muita gente.’
Explicar as decisões
Com experiência como repórter em emissoras abertas como Band, Record, SBT e Rede TV!, Daniela Lobo está à frente do Jornal da Alerj, um dos principais programas do canal, onde trabalha há três anos. Ela concorda com o diretor e diz, inclusive, que a falta de preocupação com a audiência é favorável ao espectador: ‘A experiência é bem diferente da de todos os outros lugares onde eu trabalhei. A preocupação não é concorrer, mas levar a melhor informação possível para que a população participe e se apodere do que é dela. A intenção é puramente informar. O cidadão muitas vezes não faz ideia de todos os direitos que tem’, explica.
Para fechar o telejornal, no ar às 21h30m, Daniela fica ligada em tudo que acontece na Casa. O programa faz um resumo das atividades da assembleia e mostra reuniões de comissões, leis sancionadas e projetos apresentados. Segundo Boyd, os repórteres também aproveitam para entrevistar os parlamentares durante o dia: ‘Falamos com cada um deles para que expliquem melhor as decisões tomadas no plenário. Além disso, temos, por exemplo, o Alerj debate, no qual levamos os deputados para conversar sobre os assuntos mais importantes da semana.’
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Jornalista