Em artigo no New York Times [24/8], os repórteres David D. Kirkpatrick, em Trípoli, e Rod Nordland, de Cabul, no Afeganistão, falam sobre a complexidade de se cobrir um conflito como o que ocorre agora na Líbia. “Informação, ou melhor, informação verdadeira, é algo difícil em qualquer zona de guerra. A desinformação é uma ferramenta poderosa que pode ser usada para enganar o inimigo, esconder táticas, incitar o medo ou ganhar apoio da população. Há também a névoa da guerra, a confusão nas comunicações e o caos do campo de batalha que podem obscurecer qualquer compreensão objetiva”, escrevem.
No caso da Líbia, o cenário é ainda mais complexo por conta da quantidade de grupos envolvidos no conflito – apoiadores de Muammar Gaddafi, rebeldes, aliados da Otan, diferentes tribos. No domingo, os rebeldes afirmaram que haviam prendido Seif al-Islam, filho do ditador. A notícia foi dada com tanta autoridade que deu início a um debate sobre o que fazer com ele. Na madrugada de terça-feira, no entanto, Seif al-Islam acompanhava jornalistas por bairros cheios de simpatizantes de Gaddafi, alegando que os rebeldes que haviam invadido a cidade estavam, na verdade, entrando em uma grande armadilha. Poucas horas depois, quando amanhecia o dia e os rebeldes invadiam o QG do ditador, mais uma vez a informação da vez mostrou-se falha.
“É um bom lembrete de que o Twitter, os canais de notícias 24 horas e os telefones por satélite ainda são inúteis diante da névoa da guerra”, escreveu na terça-feira o jornalista Rob Crilly no jornal britânico Daily Telegraph.