Se uma imagem valia por mil palavras, hoje vale milhares de dólares, afirma Myrna Blyth [The New York Sun, 4/5/05]. Há poucas semanas, a revista Us Magazine teria pago US$ 500 mil por fotos dos atores Brad Pitt e Angelina Jolie, o suposto ‘casal do momento’ em Hollywood – e matado de inveja as rivais People, In Touch e Star. A febre por imagens de celebridades em momentos de folga tem se tornado incontrolável, principalmente em Los Angeles, berço da indústria cinematográfica americana.
‘O dinheiro é cada vez maior’, diz o ex-editor de fotografia da New York Times Magazine Peter Howe, que lançará, em breve, o livro Paparazzi and Our Obsession With Celebrity (Paparazzi e nossa obsessão pelas celebridades). E quanto mais dinheiro, mais perigosa fica a situação, ressalta ele. ‘Hoje, há tantos paparazzi seguindo as mesmas celebridades que algumas pessoas temem que aconteça em LA outra tragédia como a da princesa Diana’.
Até quem se beneficia deste mercado concorda que há exageros. ‘Tenho pena da Britney Spears’, diz Kevin Mazur, dono da WireImage, uma das agências de fotos de sucesso da Califórnia. ‘Ela está grávida e toda vez que sai de casa tem seu carro seguido por uns vinte fotógrafos. É perigoso para ela e para outras pessoas. Se estes caras não tivessem câmeras poderiam ser presos por perseguição ilegal’.
A febre não se restringe ao mercado americano. Kevin Smith, da agência Splash News, conta que as fotos de celebridades são vendidas para países como Estônia e Croácia. ‘É fantástico. A fascinação é global’, diz ele.
Interesse mútuo
O interesse por estas imagens não é só do público. Por mais que neguem e reclamem que querem apenas ter uma ‘vida normal’, as celebridades tiram proveito do sucesso de suas fotos em momentos íntimos. ‘Não é a invasão de privacidade o que realmente incomoda estes artistas’, afirma Howe. ‘É a falta de controle. Por exemplo, há uma famosa foto de Gwyneth Paltrow com seu marido, o cantor Chris Martin, saindo do consultório médico logo após descobrir que estava grávida. Na imagem, Martin está beijando sua barriga. Parece um momento íntimo espontâneo, mas na verdade é uma armação’, conta ele, ressaltando que estes ‘momentos’ preciosos são, muitas vezes, cuidadosamente coordenados por agentes para aumentar a atenção sobre seu cliente.
Há também casos em que os próprios artistas vendem suas imagens. Alguns deles doam o dinheiro que recebem para instituições de caridade. Foi o que fez Julia Roberts no começo deste ano, quando se deixou ser fotografada pela People com seus filhos recém-nascidos. Catherine Zeta-Jones e Michael Douglas processaram a revista britânica Hello! Por publicar fotos ‘não-autorizadas’ de seu casamento, já que eles haviam vendido as imagens ‘oficiais’ com exclusividade para a OK!. O casal ganhou o caso na justiça.
Bons jornalistas
Mas o mais impressionante sobre o polêmico trabalho dos paparazzi é o complexo esquema que eles montam para conseguir fotos das celebridades que menos cooperam. O fotógrafo Phil Ramey, responsável pelas fotos ‘não-autorizadas’ do casamento de Catherine e Douglas, certa vez alugou um submarino para fotografar a princesa Diana em uma ilha isolada no Caribe. Muitos profissionais utilizam o que há de mais moderno em tecnologia e contam com o apoio de redes de informantes, formadas por manobristas, garçons, porteiros, faxineiras, empregados de hotéis e agentes de viagens.
‘Se este caras cobrissem notícias factuais, seriam um fenômeno’, diz Howe. ‘Eles são implacáveis. Conseguem toneladas de informações e sabem como usá-las. Teriam resolvido o Caso Watergate em pouco mais de um dia. E saberiam, com certeza, de que não havia armas de destruição em massa no Iraque’, brinca.