Para ter acesso a registros públicos, o Washington Post sempre lutou duro por seus leitores, seja convencendo agências do governo ou levando-as à corte, observa o ombudsman do jornal, Andrew Alexander, em sua coluna de domingo [14/3/10]. Mas a era em que os registros dos jornais eram mantidos em salas empoeiradas está no fim. Hoje, grandes quantidades de informação pública são guardadas em forma eletrônica. O conteúdo destes bancos de dados – que vão de relatos de inspeções sanitárias em restaurantes a citações de lixo tóxico – ajuda os cidadãos a melhorar suas comunidades e suas vidas.
O Post tem a obrigação jornalística de fornecer acesso online ao seu banco de dados por meio de seu site. No entanto, outros sites jornalísticos oferecem serviços ‘mais completos’. A Sociedade Americana dos Editores de Notícias realizou uma pesquisa em mais de 130 sites de jornais no ano passado e descobriu que muitos criaram seções nas quais os leitores podem ter acesso a bancos de dados mantidos pelo governo. São inúmeras informações: relatórios de segurança de pontes, avaliações de professores, incidentes envolvendo ônibus escolares, dentre outros. Cada vez mais, estes sites permitem que os leitores personalizem as buscas de dados para, por exemplo, receber alertas sobre crimes na vizinhança, dados da bolsa de valores ou saber quando alguém chama um serviço de tapa-buracos em sua cidade. Alguns destes serviços oferecem, ainda, aplicações para iPhone.
Comparado a estes sites, o Post está ficando para trás, muito por conta de tecnologias ultrapassadas e equipe pequena, diz o ombudsman. Raju Narisetti, editor do site do diário, alega que o sistema de administração de conteúdo online ‘não pode lidar com muitos bancos de dados nem com informação de acesso livre’. Um novo sistema, a ser implementado no final do ano, ‘facilitará a construção destas interfaces’. Emilio Garcia-Ruiz, editor que supervisiona a cobertura local, já avalia sites do governo que possam fornecer informações úteis aos leitores.
Critério
Sarah Cohen, professora de jornalismo da Universidade Duke, alerta: nem todos os bancos de dados do governo são confiáveis. Além disso, ela reforça que oferecer informações sem contexto, como, por exemplo, salários dos professores, pode ser considerado voyeurismo. Um outro problema é que as agências do governo mantêm muitos bancos de dados confidenciais.
Há, ainda assim, inúmeras vantagens para o Post ao expandir o acesso de seu banco de dados. Informação pública aumenta a transparência. O governo torna-se mais eficiente e honesto quando a mídia, junto com o público, pode monitorar suas atividades. Tudo isso tem ainda mais valor nesta semana, chamada de Sunshine Week nos EUA, que anualmente foca a atenção do público no valor da liberdade de informação. Em 2005, Alexander ajudou a lançar esta campanha, que pede por maior transparência do governo, por meio de artigos e editoriais sobre o tema, e continua ativamente nos esforços pelo aumento da liberdade de informação.