Até pouco tempo atrás, havia uma fábrica de máquinas de escrever na Índia. A última do mundo. Em fevereiro, um artigo da AFP dava conta de que – curiosamente – o uso destes antigos aparelhos estaria florescendo no país. Agora, a Godrej and Boyce chegou ao fim: fechou suas instalações em Mumbai por conta da diminuição no número de pedidos. A empresa tinha apenas algumas centenas de máquinas de escrever em estoque – a maioria, modelos em língua árabe.
O gerente geral da fábrica, Milind Dukle, lembra que, no início dos anos 2000, o uso das máquinas foi diminuindo por conta da migração para o computador. Todas as fábricas foram fechando, e sobrou apenas a Godrej and Boyce. Até 2009, eram produzidas ali de 10 mil a 12 mil máquinas por ano. Agora, não teve jeito. Os pedidos foram diminuindo até se tornar insustentável manter a empresa em funcionamento.
Nos últimos tempos, os principais (e ao que parece, praticamente únicos) clientes da Godrej and Boyce eram agências governamentais e judiciárias. Ao que parece, os escritórios do governo continuam a usar as máquinas por uma simples questão de hábito. Na matéria da AFP, em fevereiro, usuários antigos citavam o apego emocional, além da simplicidade e dos baixos custos de manutenção, como os principais fatores para não abandonar o já ultrapassado aparelho.
A primeira máquina de escrever foi produzida nos EUA em 1867, e na virada do século já tinha o formato padronizado que conhecemos hoje. A Godrej and Boyce foi aberta em 1950, quando o primeiro ministro Jawaharlal Nehru classificou a máquina de escrever como um símbolo da independência e industrialização da Índia. No início da década de 90, a fábrica vendia 50 mil modelos por ano. No ano passado, no entanto, vendeu menos de 800 máquinas. Com informações de Erik Hayden [The Atlantic Wire, 25/4/11].