Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Adeus a grande repórter

O corpo do jornalista e fotógrafo Mário de Moraes, 84 anos, foi enterrado nesta segunda-feira (26/4), às 17h, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, Zona Norte do Rio de Janeiro. Ele estava internado havia 10 dias na Obra Portuguesa de Assistência, Hospital Egas Moniz, no Centro do Rio, e morreu em decorrência de um câncer.

Sócio da ABI há 62 anos, o jornalista ingressou na entidade em 20 de janeiro de 1948, tendo Geraldo Moreira como proponente.

Como repórter e fotógrafo, o carioca Mário de Moraes se destacou entre os grandes nomes da imprensa no país, com aplaudida atuação no Brasil e no exterior. Foi correspondente na guerra de Angola, entrevistou com exclusividade o assassino de Trotsky, foi autor do único close de Getúlio Vargas morto, cobriu diversas Copas do Mundo e recebeu dois Prêmios Esso.

Trajetória consagrada

Mário de Moraes nasceu em 15 de julho de 1925. Formado em Direito, iniciou a carreira profissional como jornalista aos 17 anos, em 1942, como repórter do jornal O Radical e, logo depois, no jornal O Mundo e na revista Fon-Fon e, a partir de 1950, na revista O Cruzeiro, na qual recebeu o primeiro Prêmio Esso de Reportagem pela matéria ‘Os paus-de-arara – uma tragédia brasileira’. Juntamente com o jornalista Ubiratan de Lemos, Mário de Moraes registrou a realidade dos nordestinos que vinham para o Rio de Janeiro, de caminhão, fugindo da seca. Durante a viagem, Mário de Moraes contraiu tifo e ficou doente três meses.

Ao longo da década de 1950, Mário de Moraes trabalhou também na TV Tupi, como assistente dos diretores Maurício Sherman e Alcindo Diniz, nos programas Qual é o assunto, Seu melhor momento, e Hebe Camargo.

Em 1964, a convite de Mauro Salles, então diretor do departamento de Jornalismo da Rede Globo de Televisão, Mário de Moraes passou a integrar o núcleo na função de chefe de reportagem, tendo sido um dos responsáveis pela criação do primeiro telejornal da emissora, o TeleGlobo. Em 1966, o jornalista recebeu um convite para retornar à revista O Cruzeiro, como diretor de redação.

O jornalista, que foi assessor de imprensa de diversas empresas, escreveu os livros Luz de vela (1965), A reportagem que não foi escrita (1968), Amor no cemitério e outras histórias de assombração (1968), O mundo me ensinou a pecar (1976), História de um cachorro… contada por ele mesmo (1977), Recordações de Ari Barroso (1979) e As feras estão soltas (1979).

Em 1986, Mário de Moraes recebeu o segundo Prêmio Esso pela criação da Revista da Comunicação. Em junho de 2005, concedeu entrevista ao site ABI Online sobre a consagrada trajetória na imprensa brasileira. Veja aqui a íntegra da entrevista.