Friday, 27 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Adeus, Pequim. Olá, Hong Kong

O Google cumpriu nesta segunda-feira [22/3] a promessa de encerrar sua colaboração com a censura imposta pelo governo da China à internet. A companhia americana transferiu seu serviço de pesquisa online chinês para Hong Kong, ex-colônia do Reino Unido onde não é legalmente obrigado a bloquear resultados de buscas.


O governo, por sua vez, rapidamente acusou o Google de violar o compromisso de lealdade que fez ao entrar no mercado do país, em 2006. Na ocasião, a empresa foi bastante criticada no Ocidente por se curvar à censura imposta pelas autoridades, que não permite que internautas tenham acesso a informações consideradas sensíveis, como, por exemplo, o incidente de 1989 que ficou conhecido como ‘Massacre da Praça da Paz Celestial’, em que manifestantes pró-democracia foram duramente reprimidos. Ontem, internautas em território chinês que tentavam abrir a página Google.cn eram diretamente direcionados ao endereço de Hong Kong, Google.com.hk. E lá estavam informações e imagens sobre os marcantes eventos de vinte anos atrás.


O desentendimento do Google com Pequim teve início em janeiro, depois que o serviço de e-mail da companhia foi hackeado, atingindo contas de ativistas chineses críticos ao regime. Na ocasião, o Google suspeitou que o ataque pudesse ter o objetivo de prejudicar os ativistas, e anunciou que pretendia parar de colaborar com a censura. Membros do governo e representantes do Google chegaram a se reunir por duas vezes nos últimos dois meses, mas a situação chegou a um impasse quando as autoridades deixaram claro que a lei que obriga que a companhia censure seus resultados de busca era inegociável.


O futuro dos funcionários da empresa em Pequim ainda é incerto, assim como o de outros serviços que continuam a ser operados da China, como um portal de música e um sistema de mapas. Resta saber se o governo, que já deixou claro que condena a atitude do Google, irá bloquear de vez o acesso aos serviços da companhia. A China tem, hoje, cerca de 350 milhões de internautas. Com informações da Associated Press [23/3/10].