Advogados da agência britânica Reuters aconselharam seus repórteres financeiros a não darem mais furos que possam mexer com o mercado. Jornalistas que participaram da reunião com o escritório de advocacia Clifford Chance ficaram espantados com as recomendações recebidas. ‘Esperam que nos baseemos apenas em press releases‘, disse um deles ao Guardian [11/6/04]. ‘Também nos disseram que não devemos ficar rastreando notícias na internet. Não devemos dar nada antes do que gostaria a companhia envolvida’, disse outro repórter. Um terceiro concluiu: ‘Os advogados não têm idéia do que jornalistas fazem na verdade’.
A direção da Reuters começou a mudar de postura com relação aos furos no noticiário financeiro depois que a Financial Services Authority, entidade que regula a City londrina, pediu esclarecimentos sobre uma eventual quebra de embargo de notícia por repórteres da agência. Mesmo ficando claro que eles não haviam cometido tal ação, os jornalistas tiveram sanções disciplinares. Em outro caso, houve reclamação da FSA – acatada pela Reuters – com respeito a dados que um repórter encontrou no sítio de internet de uma empresa e publicou antes que a companhia gostaria que tivessem sido noticiados.
O porta-voz da agência negou que seus jornalistas tenham sido proibidos de dar furos e disse que a reunião na Clifford Chance foi para ensinar como dá-los ‘legalmente’. A maior fonte de renda da Reuters, que foi fundada em 1849 e transmitiu suas primeiras notícias financeiras com pombo-correio, são os terminais de transações de ações e informações de mercado.