Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Alternativos anunciam fusão nos EUA

O Village Voice, um dos mais famosos jornais alternativos dos EUA, anunciou no início da semana uma fusão com a New Times Media, maior editora do setor. O acordo criará uma cadeia de 17 jornais gratuitos no país com uma circulação combinada de 1.8 milhão de exemplares. Fontes ligadas ao negócio afirmam que, apesar de não haver troca de dinheiro, a junção elevará o valor as companhias a US$ 400 milhões. Os atuais acionistas da New Times controlarão 62% das ações e ocuparão cinco das nove cadeiras do conselho da nova empresa, que se chamará Village Voice Media.


O acordo, entretanto, só poderá ser concretizado se aprovado pelos órgãos governamentais responsáveis. Em 2002, o Departamento de Justiça acusou as companhias de conspiração e bloqueou um acordo entre elas para fechar publicações que não davam lucro em Los Angeles e Cleveland. Como resultado do bloqueio, os jornais foram vendidos a outras editoras e as duas companhias se comprometeram a submeter qualquer acordo que fizessem nos próximos anos à aprovação do governo.


O anúncio da fusão foi criticado por outros jornais americanos. O Seattle Times [28/10/05] classificou o acordo como ‘ruim para a democracia’, pois poderá atingir 25% da circulação total dos 126 membros da Associação de Semanários Alternativos. ‘Esta é uma fatia de mercado fenomenal e poderia fazer desta nova companhia algo monstruoso e mais dominador em seu mercado do que qualquer um dos jornais diários é no deles’, afirmou Tim Redmond em artigo no San Francisco Bay Guardian [26/10/05]. Segundo o New York Times [24/10/05], a fusão levanta questões sobre a capacidade do Village Voice – que completa 50 anos esta semana – em preservar suas raízes anti-establishment como parte de uma corporação em crescimento.


A New Times, com sede em Phoenix, publica 11 jornais de Miami a São Francisco, entre eles LA Weekly, SF Weekly, Miami New Times e The Dallas Observer. O Village Voice, um dos mais importantes representantes da contracultura americana, foi fundado em Nova York por Norman Mailer, e hoje é proprietário de cinco outros títulos. Com informações de Howard Kurtz [The Washington Post, 24/10/05].