Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Antes da votação, debate divide mídia

Com mais de 54% de rejeição em referendo realizado no domingo (29/5), a França é o primeiro país a não aprovar a Constituição Européia. Para entrar em vigor, os 25 países membros da UE teriam que ratificar a Carta – um tratado para uma maior integração do bloco.

A campanha anterior à votação dividiu a mídia francesa. A propaganda veiculada pela mídia pública defendendo a aprovação da Carta Européia provocou controvérsias entre os jornalistas na França, informa Caroline Wyatt [BBC News, 21/5/05]. Um grupo de profissionais da rádio e da TV estatais organizou uma petição online a favor de uma cobertura mais justa e pluralista. O manifesto, assinado por mais de 15 mil pessoas desde o início de maio, foi apresentado ao presidente Jacques Chirac, aos chefes da TV e rádio estatais e a Dominique Baudis, diretor do Conselho Superior do Audiovisual (CSA), responsável pela regulação de radiodifusão francesa.

Ciberdebate

O tema dividiu também os partidos políticos. O partido de centro-esquerda no poder, UMP, e a oposição socialista eram a favor do ‘sim’, enquanto os mais variados grupos políticos – de gaullistas aos de extrema esquerda – pregavam a rejeição à Carta. Os contrários à Constituição utilizaram a internet, com blogs e discussões lideradas por internautas, para influenciar a opinião pública e divulgar os eventos da campanha. Os partidários do ‘sim’ também criaram seus próprios sítios para não perderem força no ‘ciberdebate’. Com aproximadamente 24 milhões de usuários na França, a Rede se mostrou uma poderosa ferramenta.

A maioria das revistas e jornais optou por uma cobertura democrática. O tablóide Le Parisien estabeleceu um código de ética. O Le Figaro, jornal de centro-esquerda cujo proprietário é um grande amigo do presidente Chirac, o Liberatión, de esquerda, e o de centro Le Monde mantiveram-se imparciais, embora fossem a favor da aprovação da Carta – como admitiu publicamente o Le Monde em editorial.