Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Após ofensas, blog do Post proíbe comentários

O Washington Post fechou na quinta-feira (19/1) a seção de comentários de um de seus blogs – lançado em novembro com o objetivo de abrir espaço para que os leitores debatessem a linha editorial e gráfica do jornal –, alegando que ele atraiu muitos comentários com ataques pessoais, ofensas e palavrões direcionados a Deborah Howell, ombudsman do diário. O editor-executivo do sítio do Post, Jim Brady, informou que esperava críticas no blog, mas afirmou que o público violou regras contra ataques pessoais e profanidade.

‘Um número significante de pessoas que postaram no blog se recusaram a seguir estas regras simples, e por isso decidimos não mais permitir comentários. Transparência e debate são partes cruciais da cultura da internet, e é muito frustrante para nós não podermos manter um diálogo civilizado, especialmente sobre assuntos polêmicos’, justificou Brady.

Polêmica e ofensas

A coluna de Deborah que gerou os comentários ofensivos, publicada em 15/1, referia-se ao lobista Jack Abramoff, ligado a vários políticos do Partido Republicano, que se declarou culpado por crimes de corrupção, sonegação de impostos e fraude de financiamento de um cassino. No texto, a ombudsman afirmou que diversos democratas ‘haviam recebido dinheiro de Abramoff’, aparentemente com a intenção de dizer que eles receberam dinheiro de seus clientes – embora pesquisas revelem que apenas republicanos receberam dinheiro. Depois de receber críticas, Deborah disse que considerava que seus pontos de vista foram mal interpretados e escreveu sobre isto em nova coluna, sendo novamente atacada – o que levou o jornal a decidir não publicar mais comentários dos internautas neste blog.

Brady lembrou que o Post possui 25 blogs que nunca apresentaram este tipo de reação dos internautas. Ele informou que pretende possibilitar a publicação de comentários no blog em uma outra oportunidade, mas que antes irá estudar maneiras de filtrar melhor as obscenidades. ‘Tivemos mil posts e no mínimo 150 deles foram obscenos e ofensivos. Depois da resposta de Deborah, recebemos mais posts deste tipo – cerca de 300 em três horas’, informou ele, que não considera a ombudsman responsável pelo acontecido.

Resposta

Deborah se pronunciou sobre o incidente, reconhecendo que errou ao colocar uma informação que foi mal interpretada. ‘Nada em minha carreira de 50 anos me preparou para milhares de e-mails recebidos na semana passada, alguns tão obscenos e abusivos que parte do sítio teve de ser fechada. Na minha coluna, eu afirmei que Abramoff deu dinheiro para os partidos Republicano e Democrata e seus membros no Congresso’, escreveu ela na coluna do dia 22/1. ‘No entanto, ele não deu. Eu deveria ter dito que ele direcionou o dinheiro recebido de tribos indígenas proprietárias de cassinos para fazer campanha de membros do Congresso de ambos os partidos. Trata-se de um escândalo Republicano e não bipartidário e por isso os republicanos estão tentando fazer reformas sobre lobby’, revelou ela, informando também que, na sua opinião, não há dúvida de que o dinheiro foi direcionado a legisladores dos dois partidos, de acordo com dados da Comissão Federal Eleitoral (FEC, sigla em inglês) e do Centro de Integridade Pública. Deborah completou que não pediu para o jornal fechar a área reservada a comentários sobre ela. Informações de Katharine Q. Seelye [The New York Times, 20/1/06] e Joe Strupp [Editor & Publisher, 19/1/06].