Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Artigo crítico na Vanity Fair é cortado no emirado

A revista Vanity Fair provocou controvérsia ao publicar um artigo com críticas a Dubai, que vem investindo pesado para cultivar uma imagem de alto glamour. No emirado, a edição de abril da Vanity Fair foi distribuida sem as três páginas do texto – uma página de fotos escapou da guilhotina.

Segundo a AFP [10/4/11], o Conselho de Mídia Nacional, órgão que monitora a mídia impressa dos Emirados Árabes Unidos, do qual Dubai é membro, declarou não ter tomado conhecimento do caso. A editora Condé Nast, que publica a revista, mostrou-se surpresa, mas absteve-se de comentar o episódio.

Elogio

Fontes locais sugeriram que a ação contra o artigo crítico a Dubai pode ter partido das distribuidoras de revistas, em vez de ter sido um caso formal de censura. ‘Não há maior elogio para um jornalista do que ser censurado manualmente’, afirmou o escritor escocês A.A.Gill, autor do texto. ‘Se alguém tiver alguma dúvida sobre o que escrevi de Dubai, o fato de que você não pode ler o artigo em Dubai confirma a matéria’.

No artigo em questão, Gill, que desde 2003 é colaborador da Vanity Fair e é conhecido por criar polêmicas, critica o país, seus residentes, os shoppings gigantescos, o tratamento dado a trabalhadores e o sistema legal. Ele deprecia até mesmo o Burj Khalifa, edifício mais alto do mundo que é motivo de orgulho em Dubai e no qual foram gastos bilhões de dólares para se alcançar o status de um centro de referência em serviços, negócios e turismo.

Em fóruns e redes sociais na internet, locais e expatriados juntaram forças para condenar o artigo e defender o emirado. Gill foi acusado de racismo e de ser motivado por ‘ódio e ciúmes’. Deve ter ficado satisfeito.