Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

As calorias de Michelle Obama

Os cidadãos americanos esperam muito das mulheres de seus presidentes – a primeira-dama deve ser a “rainha” do país, a maior anfitriã da nação, exemplo de moda, comportamento e elegância, mãe exemplar e profissional de sucesso. Na prática, observa o ombudsman do Washington Post, Patrick B. Pexton, é muito difícil que alguém reúna, sem falhas, todos estes atributos.

Em algum nível, os americanos entendem isso e sabem que a primeira-dama não é eleita, mas sim seu marido. Portanto, muitos a admiram e tendem a dar um tempo nas cobranças a ela. Neste contexto, muitos leitores foram críticos a uma nota em um blog do Post que tratava da ida de Michelle Obama a uma lanchonete fast-food para comprar hambúrguer, batatas-fritas, milk shake e refrigerante. Leitores compararam o post no blog com o jornalismo “estilo News of the World”, e disseram que ele rebaixava a qualidade dos padrões jornalísticos do diário de Washington.

Contra a obesidade

Para o ombudsman, os editores deveriam ter tomado uma atitude em relação à nota, que teria passado do limite do que se pode considerar uma cobertura razoável sobre a primeira-dama. No entanto, ele não vê a questão como um grande pecado. Segundo Pexton, o Post já publicou diversas matérias que mostravam o presidente e outros políticos comendo hamburgueres, pizzas e afins.

A grande diferença é que, neste caso, foi feita uma contagem das calorias consumidas por Michelle – o que não ocorre quando o personagem da matéria é, por exemplo, Barack Obama ou seu vice, Joe Biden. Pexton concordou que o texto era “um pouco invasivo, sexista e no estilo tabloide”. Mas ponderou: Michelle comanda diversas ações contra a obesidade infantil e pelo estímulo à alimentação saudável. Neste contexto, opina o ombudsman, a nota não estava tão completamente fora dos limites.