Na semana passada, em um dos posts de seu blog, o ombudsman Clark Hoyt observou que um artigo publicado no NYTimes reforçou o medo nas redações de que a internet, com ênfase na competição minuto a minuto, prejudique os valores do jornalismo impresso, que preza o contexto e precisão. O artigo em questão continha um ataque político anônimo a Caroline Kennedy e também alegações vagas – altamente exageradas – que ela tinha problemas com a babá e com impostos.
Os responsáveis pelo site do diário, o mais lido dos EUA, pensaram que Hoyt estava colocando em questão uma falsa escolha entre velocidade e qualidade. ‘Más escolhas acontecem em todos os tipos de pressão’, afirmou Jonathan Landman, subchefe de redação encarregado das operações na web. ‘É claro que trabalhar rápido aumenta a chance de erro. Mas a velocidade é um valor também, pois dá informação às pessoas quando elas querem e precisam. A qualidade jornalística sempre envolveu uma combinação de velocidade, autoridades, seriedade, humor, descobertas e outras características que muitas vezes entram em conflito entre si. O segredo é encontrar o equilíbrio’.
A internet oferece um novo cenário com vantagens e desvantagens, que incluem imediatismo, porém poucas revisões; a possibilidade de publicar uma matéria em tempo real, mas agilidade que pode impedir um aprofundamento; a habilidade de corrigir erros rapidamente, entretanto, eles acabam sendo replicados na rede.
Se a matéria sobre Caroline Kennedy foi um exemplo do que pode dar errado, a cobertura do pouso forçado do avião 1549 no Rio Hudson seis dias antes foi um exemplo do que pode dar certo. Dois editores conseguiram publicar o acontecimento em tempo real e mais de 20 repórteres e fotógrafos estavam no local da queda, nos hospitais, no destino final do avião e na casa do piloto. Com um software novo, editores postaram 17 fotos tiradas por leitores, além de linkar um vídeo da MSNBC. Editores alegam que os padrões do NYTimes valem para qualquer meio. Mas a web é bem diferente do jornal impresso e, na realidade, os padrões divergem de algum modo. A linguagem na rede é mais informal, leitores podem interagir – e nem sempre de maneira civil.