O assassinato do jornalista iraquiano Riad al-Saray, apresentador da estatal al-Iraqiya, por homens armados não identificados reforça o perigo enfrentado por repórteres em um conflito que já matou mais profissionais da mídia que qualquer outro, desde a Segunda Guerra Mundial.
Al-Saray apresentava programas políticos e religiosos desde 2005 e era bem conhecido no Iraque por suas tentativas de diminuir as diferenças sectárias entre xiitas e sunitas no país. Além disso, fazia parte do conselho local da vizinhança xiita de Shula, ao norte de Bagdá. Ele foi morto quando deixava sua casa nesta terça (7/9) e é o 15º jornalista da al-Iraqiya a ser assassinado desde o fim do regime de Saddam Hussein.
A Repórteres Sem Fronteiras classificou o ataque como ‘um assassinato direcionado’ e pediu por uma investigação que leve à prisão dos assassinos. O ataque coincidiu com o lançamento de um relatório da organização sobre os riscos de jornalistas que trabalham no Iraque. Segundo o documento, que cobre o período de março de 2003 a agosto de 2010, 230 jornalistas e profissionais de mídia foram mortos no país desde a invasão americana, em 2003. ‘Seria deplorável que este crime siga sem punição, o que, infelizmente, é o caso para 99% destes 230 assassinatos’, afirmou a organização.
Duas semanas depois que a última brigada do exército americano deixou o Iraque, a RSF avaliou os sete anos de ocupação do país pelas forças de coalizão e o seu impacto na liberdade de expressão. O objetivo do relatório é prestar homenagem aos profissionais da mídia que deram sua vida para manter o público informado, mesmo com os riscos que estavam tomando. A intervenção americana colocou um fim ao regime ditatorial de Hussein e abriu caminho para uma maior expansão da mídia iraquiana, no entanto, o número de profisionais mortos foi desastroso.
Suspeitos de colaborar com grupos insurgentes, jornalistas iraquianos também eram frequentemente presos durante a guerra, pela administração iraquiana ou pelo exército americano. Mais de 30 foram presos pelo exército americano de março de 2003 a agosto de 2010, especialmente em 2008. Esta é a terceira vez que a RSF conduz o estudo. O último foi divulgado em março de 2006, na ocasião do terceiro aniversário da invasão americana do Iraque. Na edição deste ano, a organização reexamina a questão dos sequestros dos jornalistas no conflito, que chegaram a um total de 93. Informações da AP, BBC, AFP e RSF [7/9/10].