Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Assessora governamental ordena que repórter apague fotos

 

Uma assessora do vice-presidente dos EUA, Joe Biden, ordenou que um repórter apagasse fotos tiradas em um evento em Rockville, no estado de Maryland, na terça-feira (123). O gabinete do vice-presidente – que estava no evento para anunciar uma iniciativa contra a violência doméstica – acabou emitindo um pedido de desculpas após o incidente.

Jeremy Barr não estava sentado na área reservada para a imprensa e foi abordado por Dana Rosenzweig, assessora do vice-presidente, que ordenou que ele apagasse as imagens de sua câmera. Barr trabalha para o serviço de notícias Capital News Service, formado por universitários da Escola de Jornalismo Philip Merrill, na Universidade de Maryland.

Segundo o repórter, Dana disse que precisava olhar a câmera “imediatamente” e afirmou que a presença de Barr em uma área não destinada à imprensa lhe dava uma “vantagem injusta” sobre os outros jornalistas que cobriam o evento. Depois de apagar as fotos da câmera, a assessora pediu que Barr lhe mostrasse também seu iPhone, para que ela pudesse se certificar que não havia imagens do evento ali. “Eu achei que havia violado algum protocolo”, disse Barr. “Acreditei que ela estava seguindo procedimentos adequados”.

Terceiro mundo

Assim que soube do incidente, a reitora da Escola de Jornalismo, Lucy Dalglish, escreveu uma carta ao gabinete de Biden queixando-se da censura. Ela afirmou que “Rockville não é um país do terceiro mundo onde se espera a censura do estado à mídia”. Kendra Barkoff, porta-voz de Biden, desculpou-se com a reitora e com Barr por telefone, mas não aceitou falar com um outro jornalista do serviço de notícias universitário sobre o assunto.

Este não é o primeiro incidente do tipo envolvendo o gabinete do vice-presidente. Em um evento de campanha na Virginia, no ano passado, Biden – famoso pelas gafes – afirmou, para um público majoritariamente negro, que os Republicanos tentariam “acorrentar” os eleitores. Pegou mal: o comentário foi considerado, por muitos, uma referência à escravidão. Um repórter do site Politico denunciou que assessores teriam tentado conter a cobertura do evento e chegaram a espiar conversas de jornalistas com eleitores.