Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Ataques a bomba atingem escritórios de jornais

 

Dois ataques em cidades diferentes atingiram redações de jornais na Nigéria nesta quinta-feira (26/4). Na capital, Abuja, em um ataque suicida, um carro cheio de explosivos foi detonado dentro dos escritórios do diário ThisDay, um dos maiores do país. Na cidade de Kaduna, um homem jogou uma bomba em um prédio onde funcionam três jornais: ThisDay, The Moment e Daily Sun. Pelo menos sete pessoas morreram nos ataques.

Em Abuja, o agressor, de carro, forçou o portão do prédio onde ficam os escritórios do ThisDay e dirigiu até a recepção. A explosão, que atingiu o setor onde o jornal é impresso, e não a redação, matou pelo menos três pessoas e deixou outras feridas. Parte do teto foi danificada e as janelas estilhaçaram.

O ataque em Kaduna também incluiu um carro com explosivos, mas pessoas que estavam no prédio desconfiaram e rapidamente cercaram o veículo. O motorista, então, começou a gritar dizendo que tinha uma bomba. As pessoas deixaram que o homem abrisse o porta-malas, de onde ele tirou um objeto e o arremessou em direção a elas. Pelo menos quatro pessoas morreram com a explosão, e o agressor foi preso.

O ThisDay pertence ao magnata Nduka Obaigbena, que tem fortes laços com a elite nigeriana e com o Partido Democrático Popular, de situação. Em 2002, protestos por conta de um artigo publicado no jornal que sugeria que o profeta Maomé teria casado com uma candidata a Miss Mundo deixou dezenas de mortos em Kaduna. Desta vez, no entanto, um representante do diário disse não saber de nenhuma ameaça específica.

Onda de violência

Nenhum grupo assumiu responsabilidade sobre as explosões, mas elas seguem a mesma linha de ataques feitos pela organização islâmica radical Boko Haram, responsável por centenas de mortes no país nos últimos meses.

O Boko Haram vem fazendo uma violenta campanha contra o governo central, e já foi responsabilizado pela morte de mais de 440 pessoas apenas em 2012. Diplomatas e militares dizem que a facção tem ligação com dois outros grupos alinhados à al-Qaeda na África. Em janeiro, homens do grupo mataram a tiros um jornalista de uma emissora privada durante um ataque na cidade de Kano, que deixou pelo menos 185 mortos.

A violência – seja por facções radicais ou outros motivos – continua alta na Nigéria, principalmente no norte do país, de maioria muçulmana. Ataques a jornalistas são comuns, ainda que 12 anos de democracia na mais populosa nação africana – com 160 milhões de habitantes – tenham fortalecido a ideia de liberdade de expressão.

Outro problema crescente é a corrupção, tão comum ao governo e ao setor privado, que também atinge a imprensa. Muitos jornalistas aceitam dinheiro nos famosos “envelopes marrons” entregues junto com outros papeis durante coletivas, além de pagamentos de entrevistados. Informações da Associated Press [26/4/12].