Grupos de ativistas dos direitos humanos, sob organização da Anistia Internacional, alugaram câmeras por satélite para monitorar os vilarejos de Darfur, conturbada região do Sudão, e tentar ajudar na prevenção da violência local. O sítio do projeto foi lançado esta semana, em uma conferência na Universidade da Califórnia, Berkeley.
O uso de imagens por satélite para documentar a destruição de zonas de conflito não é algo novo. O diferencial deste projeto, entretanto, é a possibilidade de acesso a imagens mais claras, exatas e recentes. Elas chegam com apenas um dia de atraso, e tem ‘ótima qualidade’, afirma Lars Bromley, diretor da Associação Americana para o Avanço da Ciência, organização internacional que forneceu assistência técnica para o projeto de Darfur. ‘Nós podemos ver vacas, carros. Certamente podemos ver casas e cercas e outras estruturas’, exemplifica.
Conflito sangrento
A região sudanesa tem sido destruída pela violência desde 2003, quando teve início um conflito sangrento entre rebeldes e membros da milícia pró-governo janjaweed. Mais de 200 mil pessoas foram mortas desde então, e 2,5 milhões ficaram desabrigadas, obrigadas a fugir de suas casas e vilarejos.
Para a Anistia Internacional, enviar uma missão por terra seria algo ‘próximo ao impossível’; por isso a importância das imagens por satélite, permitindo que analistas possam determinar com mais eficácia se um vilarejo foi atacado e qual a gravidade deste ataque.
Evolução da rede
‘Isso é a câmera de internet levada para o espaço, basicamente’, avalia Lee Rainie, diretor do Pew Internet and American Life Project. ‘É uma extensão absolutamente lógica e esperada do que tem ocorrido online’. Internautas têm, por anos, tido acesso a imagens de seus computadores, ‘e agora isso passou a ser ligado a ativismo político, econômico e social de maneira bastante interessante’, completa.
O projeto do Sudão foi batizado de Eyes on Darfur (Olhos em Darfur), e é financiado pela Coalizão Salve Darfur, formada por grupos humanitários. Os organizadores da Anistia Internacional esperam que o acesso às imagens e às análises mais precisas aumente a pressão por ajuda e mudança na região. Informações de Michelle Locke [AP, 6/6/07].