Thursday, 28 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

Atualizações e sumiços

Quando Jill Abramson assumir o cargo de editora-executiva, em setembro, o New York Times será uma organização diferente de quando ela se juntou ao grupo há 14 anos, comenta, em sua coluna [25/6/11], o ombudsman Arthur S. Brisbane. A transição de uma operação dominada pelo meio impresso para uma orientada para a plataforma digital aconteceu em um ritmo acelerado. Agora, a edição online não é mais preparada por uma equipe separada e subordinada, mas sim pelos mesmos colaboradores responsáveis pela versão impressa do diário.

Tradicionalmente, em jornais, era a pessoa com o cargo de “editor de notícias” que controlava o conteúdo final das páginas impressas, em geral tarde da noite, depois dos editores terem ido para casa. Agora, os editores de notícias trabalham durante todo o dia e a noite, administrando conteúdo para as plataformas digitais e também para o jornal impresso.

Processo confuso

Este sistema integrado é produto, pelo menos em parte, de meses de estudo de Jill no ano passado. Parece uma boa ideia ela ter tido tempo para se preparar para as tarefas de editora-executiva. Trata-se de um período turbulento. Diferentemente do impresso, as notícias na plataforma online são atualizadas constantemente. As versões das matérias evoluem e, muitas vezes, transformam-se em algo bem diferente do que eram originalmente. Erros são cometidos e consertados. E pode ser muito confuso acompanhar todo este processo.

Um exemplo: recentemente, foi publicada uma matéria sobre a empregada doméstica que teve um filho com o ator e político Arnold Schwarzenegger antes de ele se tornar governador da Califórnia, descrevendo sua infância em Bakersfield. Alguns leitores reclamaram que se tratou de invasão de privacidade. O artigo em questão não será encontrado mais no site do diário, porque no final do dia outra matéria foi divulgada, com um outro foco, por um outro repórter, e substituída online – e foi esta nova versão a impressa no jornal. A matéria inicial, entretanto, foi reproduzida pelo Press Democrat, jornal do grupo New York Times Company, e pode ser localizada em seu site.

É problemático quando qualquer peça de conteúdo desaparece ou muda ao longo do dia. Segundo Jill, as mesmas regras de correção valem para o impresso e para o online. “Nossa política, quando ocorre um erro em uma primeira versão da matéria, é que temos de reconhecê-lo, para que não fique a noção de que estamos escondendo nossos erros. No ambiente online, as chances de que um erro sério passe despercebido ou não seja corrigido são bem pequenas”, diz Jill. Para o ombudsman, o ideal seria que o jornal fizesse mais para documentar e reter mudanças importantes e correções. A política de proibir a remoção de material de seus arquivos deve ser esclarecida na substituição de matérias online.