Muito se discute a crise na indústria jornalística, teoriza-se sobre o (incerto) futuro dos jornais e se teme pela alardeada tendência de cobrança de conteúdo na internet. Um artigo de Steven Busfield no site do Guardian trata de uma questão interessante, e pouco lembrada, em meio ao já manjado debate: por que não se fala no preço de capa dos jornais? Busfield lembra que, no Reino Unido, um exemplar diário é mais barato que um café desses mais sofisticados.
Na semana passada, o Daily Telegraph subiu seu preço de capa para uma libra. O Guardian já havia feito o mesmo em agosto. O Financial Times é vendido a duas libras. Estes aumentos de preço representam para os jornais uma pequena vitória em uma batalha mais complexa. Eles são feitos discretamente na esperança de que não façam muita diferença na escolha do consumidor.
Os aumentos vão de encontro ao plano do empresário russo Alexander Lebedev, novo personagem no cenário dos jornais londrinos que decidiu seguir o caminho inverso: transformar o Evening Standard em um jornal gratuito. Com um jornal considerado ‘respeitável’ – em oposição aos tablóides sensacionalistas – de graça no mercado, qual a chance de sobrevivência dos concorrentes que vêem como caminho para seus problemas encarecer o produto?
Busfield termina seu artigo cheio de perguntas. Cobrar ou não cobrar na internet? O jornal impresso deveria ser gratuito? Ou vale a pena cobrar e torcer para que os leitores continuem a comprá-lo? Ou de repente seria melhor transformar os impressos em um produto premium, com base na ideia de que os leitores que ainda os querem estão preparados a pagar por eles – assim como pagam por uma sofisticada xícara de café?