Países com governos autoritários como China, Irã e Egito estão tendo problemas para lidar com o crescente número de blogs críticos. Estes espaços virtuais, que se multiplicam aceleradamente, divulgam notícias sobre incidentes que muitos regimes prefeririam deixar escondidos. Por isso, em muitos países, são os blogs que estão dando às pessoas o primeiro contato com a democracia.
O egípcio Abdel Kareem Sulaiman, de 22 anos, é um destes blogueiros que sofrem na pele a censura. Sob o pseudônimo de Kareem Amer, ele mantém um blog no qual expressa críticas a políticos e vem sendo ameaçado por autoridades há mais de um ano. Em março, Sulaiman foi expulso da universidade por supostamente ter feito declarações anti-islâmicas. Ele está na prisão desde o dia 6/11. Seus amigos blogueiros lançaram um protesto para apoiá-lo, e uma petição para sua soltura está disponível no sítio Free Kareem.
A nova resistência
Em sociedades nas quais a censura oficial é forte e a liberdade de expressão é controlada, os blogueiros divulgam opiniões proibidas e temas considerados tabus para pessoas que não têm acesso a tais informações. Ao conectar e encorajar iniciativas individuais, eles também se tornam uma ferramenta de revolução. É este poder de informação que tornou os blogueiros tão temidos e, ao mesmo tempo, vulneráveis em muitos países.
Atualmente, um blog é lançado a cada segundo e o número de diários online dobra a cada cinco meses. Dos blogs de todo o mundo, 41% estão em japonês, 28% em inglês e 14% em chinês.
Enquanto as autoridades egípcias têm apenas três mil blogueiros críticos para combater, os cerca de 70 mil blogs do Irã no idioma nacional, o farsi, assim como os em inglês, representam um maior potencial subversivo.
Na China, estima-se que haja 111 milhões de internautas regulares, sendo que, destes, quatro milhões são blogueiros. O governo chinês emprega uma equipe de 30 mil pessoas para procurar por conteúdo subversivo nos sítios do país. No entanto, apesar dos esforços dos censores, os blogueiros continuam a encontrar maneiras de divulgar notícias como escândalos ambientais, protestos civis e ações da polícia.
Já em países como a Rússia, apenas 5% da população têm acesso à rede, e menos de 1% lê blogs regularmente. Mesmo assim, a internet é monitorada, porque constitui um meio de divulgação alternativo à televisão estatal. Informações de Amira El Ahl, Rüdiger Falksohn, Uwe Klussmann, Jürgen Kremb e Andreas Lorenz [Der Spiegel, 29/11/06].