Sunday, 17 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Autoridades reclamam de imagens chocantes na TV

Uma semana depois que programas televisivos transmitiram imagens da cabeça decepada de um homem-bomba, o governo do Paquistão pediu às emissoras privadas que evitem cenas de ataques suicidas e atentados terroristas.

O governo afirma que divulgar cenas do tipo glorifica estes atos, assusta o público e leva a mais violência. Por estas razões, pediu à mídia que se auto-regule, mas ameaçou tomar medidas legais caso a prática não mude. ‘O governo quer continuar com sua política de mídia liberal’, diz o presidente da Autoridade Reguladora de Mídia Eletrônica, Iftikhar Rasheed. ‘Mas não podemos ter canais transmitindo imagens de corpos mutilados que causam choque às mulheres e crianças’, explicou, completando que as emissoras precisam levar ao ar uma programação balanceada.

Na semana passada, telejornais transmitiram imagens pesadas de um ataque suicida em Karachi que matou um líder xiita. Nas cenas, a cabeça carbonizada do homem-bomba foi mostrada próxima ao local do atentado.

Extremos

O Paquistão tem sofrido com ataques assim desde que o presidente Pervez Musharraf decidiu apoiar os EUA na guerra contra o terrorismo. A al-Qaeda e militantes locais já tentaram assassinar Musharraf e o primeiro-ministro Shaukat Aziz. Conflitos entre militantes sunitas e xiitas também assombram a paz no país.

Ao mesmo tempo em que este cenário violento cresce, prosperam também as empresas de mídia privada. Com a política de abertura na mídia instituída pelo presidente, dezenas de emissoras nacionais e regionais surgiram nos últimos cinco anos. Antes disso, o Paquistão tinha apenas uma emissora, estatal e amplamente censurada.

Com a nova realidade dos canais televisivos, a programação rompeu barreiras e tabus, passando a abordar questões sobre sexo e política. Com as regras mais frouxas, o discernimento sobre os limites do conteúdo de TV também afrouxou. A divulgação de imagens violentas – que refletem os conflitos reais enfrentados pelos paquistaneses – choca e incomoda a população e as autoridades. Informações de Salman Masood [The New York Times, 21/7/06].