Wednesday, 13 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1313

BBC modifica política de segurança

A BBC anunciou que irá permitir que guarda-costas armados façam a segurança de seus jornalistas em locais considerados perigosos. O anúncio foi feito menos de 48 horas depois do ataque que matou o cinegrafista Simon Cumbers e deixou o correspondente Frank Gardner seriamente ferido.

Adrian van Klaveren, um dos diretores da BBC News, afirmou que a companhia resolveu alterar sua política de segurança em face do aumento crescente dos perigos aos quais os jornalistas estão expostos em zonas de conflito. Ele garantiu, entretanto, que a decisão não foi influenciada pelo ataque sofrido por Cumbers e Gardner em Riad, na Arábia Saudita, no domingo, 6/6. Klaveren afirmou que a companhia vem discutindo internamente a questão há mais de seis meses.

‘É uma nova possibilidade, não uma mudança na nossa política, porque nós não a concretizaremos agora’, afirmou Klaveren. Segundo ele, será necessária a permissão do diretor de notícias, Richard Sambrook, para o uso de guarda-costas armados solicitados por jornalistas. Cada situação será analisada separadamente, e os seguranças teriam que manter suas armas sempre escondidas.

‘Isto só aconteceria em circunstâncias excepcionais, em zonas de guerra com situações de caos civil. Nós esperamos que estas situações sejam raras. Neste momento, não há nenhuma equipe da BBC sendo protegidos por guardas armados no Iraque’, afirmou ele. ‘A realidade é que os jornalistas de hoje correm mais perigo do que os de antes, e nós temos que considerar o que podemos fazer para protegê-los’, adicionou.

Perigos reais e inversão de política

Desde o começo da guerra do Iraque, no início do ano passado, 34 jornalistas foram mortos enquanto trabalhavam no país. A BBC perdeu um cinegrafista e um tradutor em incidentes separados, e diversos membros de sua equipe ficaram feridos em ataques.

Entretanto, a decisão de permitir que repórteres tenham a opção de usar seguranças armados em situações perigosas significa uma inversão da política há muitos anos seguida pela companhia, o que, segundo Patrick Barrett [The Guardian, 8/6/04], irá dividir a opinião pública.

Muitos correspondentes estrangeiros acreditam que a presença de guarda-costas armados para protegê-los ultrapassa os limites entre observador e participante do evento – e poderia fazer com que jornalistas despertassem a ira de grupos armados em zonas de conflito.

Organizações de midia americanas, como a CNN e a Fox News, regularmente utilizam proteção armada para os repórteres. Recentemente, em um incidente no Iraque, um guarda-costas que trabalhava para a CNN abriu fogo quando a equipe de TV foi atacada, suscitando dúvidas sobre a real eficácia do uso de seguranças armados na proteção de jornalistas.