Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

BBC rejeita sugestão de mudanças editoriais

A BBC rejeitou sugestão feita por um conselho independente para mudar sua política editorial no uso da palavra ‘terrorismo’ e nomear um editor especial para supervisionar a cobertura do Oriente Médio. Formado para investigar acusações de parcialidade em reportagens sobre o conflito palestino-israelense, o conselho determinou, em maio, que a cobertura da rede não constituía ‘um relato completo e imparcial do conflito’, apresentando um ‘panorama incompleto e, neste sentido, ilusório’. O relatório do conselho ressaltou, entretanto, que encontrou ‘lapsos particulares’, mas pouco que sugerisse exemplos de ‘parcialidade sistemática e deliberada’ nas reportagens da BBC.


Ainda assim, as conclusões do relatório de 38 páginas encomendado pelos diretores da rede para ‘avaliar se a cobertura da BBC do conflito palestino-israelense corresponde aos padrões exigidos de imparcialidade’ não agradaram nada dentro da companhia. O conselho apontou ‘falhas na cobertura, análise, contexto e perspectiva’ e completou que a BBC não tem conseguido manter seu padrão de qualidade editorial.


Recomendações de um lado


Para solucionar os ‘problemas’, foi recomendado que a rede nomeie um editor experiente para supervisionar a cobertura do conturbado Oriente Médio, que tente reportar de maneira ‘completa e imparcial’ as ‘complexidades’ do conflito, que revise seus procedimentos de queixas e reforme alguns aspectos da linguagem usada por seus repórteres e âncoras.


O relatório repreendeu especificamente a relutância da rede em usar as palavras ‘terrorismo’ e ‘terrorista’, recomendando que ela use os termos para descrever ‘ataques violentos contra civis com a intenção de causar terror por razões políticas ou ideológicas’. No fim do ano passado, a BBC distribuiu aos funcionários um edital com novas diretrizes a serem seguidas quanto ao uso da linguagem em reportagens sobre ações terroristas. Segundo uma das regras, apesar de não estar proibido, o termo ‘terrorista’ deveria ser evitado pelos jornalistas. O objetivo do ‘cuidado’ seria evitar dar a impressão de se estar fazendo algum ‘julgamento de valor implícito’.


Respostas negativas do outro


Em resposta ao relatório do conselho independente, divulgada em 19/6, o Board of Governors da BBC, comissão que dirige a companhia, saudou a conclusão de que não foi encontrada ‘parcialidade sistemática ou deliberada’, ressaltando que grande parte dos telespectadores e ouvintes da rede a consideram imparcial. Por outro lado, declarou que não será persuadido a mudar as diretrizes editoriais no que diz respeito ao uso da palavra ‘terrorismo’. Sobre a sugestão de nomear um editor para supervisionar a cobertura do Oriente Médio, o Board of Governors afirmou que uma nova camada de chefia poderia minar a independência e credibilidade dos editores.


Para melhorar a cobertura da rede, a comissão afirmou que planeja nomear um correspondente especialmente para a Cisjordânia e aumentar a responsabilidade do atual editor de assuntos do Oriente Médio. Serão feitas também reuniões mensais para se debater a cobertura da região. Para ajudar a acabar com o ‘alto nível de incompreensão’ do público sobre as questões do Oriente Médio, a BBC pretende lançar uma série de podcasts (arquivos de áudio digital) na página da BBC News na internet sobre o tema. Informações de George Conger [The Jerusalem Post, 29/6/06].