Em meio à preocupante fase de perda de leitores dos jornais americanos, The Examiner é um diário cuja trajetória merece ser acompanhada pela estratégia diferente pela qual optou, segundo reportagem de Mark Jurkowitz para The Boston Globe [2/5/05]. Gratuito, o jornal começou a circular em fevereiro de 2004 em San Francisco e um ano depois em Washington. Essencialmente, é um tablóide com muita notícia local, de celebridades a esportes, visual chamativo e artigos opinativos conservadores. Produzido por uma equipe reduzida, de 50 jornalistas não-sindicalizados, é distribuído em casas de famílias de alta renda – o que interessa especialmente aos anunciantes.
‘A filosofia comercial na indústria jornalística está muito calcificada. É preciso repensar como fazemos negócio’ diz o editor-chefe do Washington Examiner, John Wilpers. O publisher da edição de San Francisco, Scott McKibben, destaca a opção pela distribuição gratuita: ‘Temos que partir da premissa de que vivemos em um tempo e uma geração de pessoas que acreditam que não se deve pagar pelo acesso às notícias’. A concorrência observa a nova publicação com curiosidade e algumas ressalvas. O editor-executivo do Washington Post, Leonard Downie Jr., afirma que o Examiner não terá fôlego para chegar a toda a área metropolitana da capital americana. Também aponta que, nesta cidade, já existe uma alternativa conservadora ao Post, o Washington Times, diário de propriedade do reverendo Moon.
O Examiner pertence ao bilionário Philip Anschutz, que começou sua fortuna negociando petróleo e gás, e hoje controla mais de uma centena de companhias, além de cinco equipes da liga americana de futebol. Anschutz também é dono da maior rede de cinemas dos EUA. Caso as duas edições iniciais do jornal dêem certo, ele já tem a marca licenciada em 60 outras cidades, o que significa que, em algum tempo, pode haver versões do Examiner por todo o país.