Completaram-se dois anos desde que Bill Keller assumiu o cargo de editor-executivo do New York Times, na esteira da crise desencadeada pelo repórter cascateiro Jayson Blair. Naquela ocasião, o jornalão estava com a moral e a credibilidade seriamente abalados. Hoje, a volta por cima proporcionada pelo novo chefe se faz notar. Os funcionários recuperaram a confiança, boa parte do diário foi reformulada, foi criado o cargo de ombudsman e, finalmente, a tiragem, ao contrário do que acontece com a maioria dos jornais americanos, não tem caído.
O fato de que o Times tem conseguido manter a marca de 1.1 milhão de exemplares em dias de semana é um feito num setor em decadência histórica. Para manter o público satisfeito, Keller liderou a ampliação da seção de cultura, com a contratação de novos críticos, e aumentou também o caderno literário, o mais importante dos EUA, que trocou de editor. Além disso, relançou os encartes ‘Fashions of the Times‘ e ‘Sophisticated Traveler’. Mesmo assim, a New York Times Company anunciou recentemente uma queda de 20% no lucro, devido à recessão no mercado publicitário, aumento de custos e gastos com demissões.
Como reporta Matthew Flamm [Crain´s New York Business, 25/7/05], outro fato marcante no mandato de Keller foi seu total apoio à repórter Judith Miller, que se encontra na cadeia por se recusar a revelar a identidade de uma fonte. ‘O lado bom disso é que, quando os nossos repórteres derem garantia a uma fonte que precisa ser protegida, eles podem estar mais confiantes que os de outras publicações de que seu jornal os apoiará’, comenta o editor.