Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Bill Keller responde a leitores daTime

Bill Keller, editor-executivo do New York Times, participou da seção ’10 Questions’ da revista Time, em que são selecionadas perguntas de 10 leitores. As respostas do jornalista foram publicadas na edição de 20 de julho. Abaixo, um resumo dos principais tópicos abordados.


O futuro dos jornais


‘Acho este debate sobre a morte dos jornais um pouco exagerado. Enquanto a plataforma online representa cada vez mais o futuro, o impresso ainda tem muita vida pela frente’, afirma o editor-executivo.


A censura no Irã


Para Keller, a pressão sofrida pela mídia diante dos protestos pós-eleições presidenciais é ‘auto-destrutiva’. ‘O Irã forçou jornalistas estrangeiros a deixar o país e tentou calar os jornalistas iranianos. A longo prazo, isso vai ter um efeito corrosivo no governo’.


Ética


Um leitor lembrou que o jornal não via problema em vazar segredos de Estado, como fez na ocasião dos grampos ilegais do presidente George W. Bush, mas também não considerava errado mentir sobre o sequestro de um de seus repórteres. Keller ressaltou que existem diferentes situações. ‘Por vezes seguramos informações porque acreditamos que elas podem colocar vidas em risco ou ameaçar a segurança nacional. Fizemos isso não apenas no caso de David Rohde como em outros sequestros. Também já fizemos no caso de segredos de Estado. Mas não podemos entregar ao governo todo o poder de decisão [sobre o que pode ou não ser publicado]’.


Cobertura falha


Na opinião de Keller, a mídia falha na cobertura da guerra do Iraque. ‘É [uma cobertura] muito cara e muito perigosa. Muitas organizações de notícias não tem mais equipes por lá’.


Liberdade de imprensa


‘Não acho que exista liberdade de imprensa absoluta. Nós operamos sob leis – contra calúnia e difamação, por exemplo. A idéia de que há liberdade de imprensa absoluta é um tipo de mito’.


EUA


Um leitor perguntou por que o NYTimes é tão ‘antiamericano’. ‘Os jornalistas do NYTimes amam seu país. Mas não vemos como nosso trabalho ficar torcendo por tudo o que os EUA fazem’, rebateu o editor-executivo.