O blogueiro e ativista alemão-egípcio Philip Rizk, que passou quatro dias sob custódia policial no Egito, contou na semana passada detalhes do interrogatório que sofreu. Rizk foi detido por oficiais de segurança, na sexta-feira (6/2), após participar de uma pequena passeata pelo fim do bloqueio à Faixa de Gaza – imposto por Israel e pelo Egito depois que o Hamas assumiu o controle do território palestino, em 2007. O blogueiro foi colocado em uma solitária por quatro dias, enquanto sua família, amigos e diplomatas alemães tentavam descobrir seu paradeiro e o motivo para sua prisão. Na quarta-feira (11/2), ele foi deixado, sem explicação, na porta de casa.
As autoridades egípcias não fizeram declaração oficial sobre a detenção de Rizk e ele não recebeu acusação formal. O ativista se disse ‘sortudo’ por não ter ficado preso por mais tempo e por não ter sido ferido. Grupos em defesa dos direitos humanos afirmam que práticas de tortura, incluindo abuso sexual, são comuns com prisioneiros políticos no país – estima-se que haja 18 mil deles atualmente.
Rizk contou que as regras dos agentes que o interrogaram eram simples: não toque na venda sobre os olhos, você ficará algemado, e fale apenas quando se dirigirem a você, em tom de voz baixo. ‘O que aconteceu em quatro dias é que não fiz muito a não ser responder perguntas durante os interrogatórios e tentar dormir’, afirmou o blogueiro a repórteres, da varanda de sua casa, na quinta-feira (12/2), dia de seu aniversário de 27 anos. ‘Fiquei vendado o tempo inteiro, e usei algemas quase o tempo inteiro’, contou, lembrando que foi autorizado a tomar apenas um banho.
Gritos
Os interrogatórios, comandados por dois homens, tinham perguntas repetidas sobre a vida de Rizk, seus amigos e conhecidos e suas atividades. Quando não gostavam da resposta, os interrogadores o algemavam novamente e o faziam ficar de pé. O blogueiro era ameaçado, mas não sofreu abuso físico. ‘Eu ouvia sons de coisas acontecendo ao meu redor, incluindo gritos. Não sei se eram gravações os se elas estavam realmente acontecendo – pessoas sendo torturadas’. O blogueiro afirmou ainda que os interrogadores o acusaram de espionar para Israel e de contrabandear armas para o Hamas – inimigo de Israel.
Até ser preso, Rizk, aluno de estudos do Oriente Médio na Universidade Americana no Cairo, publicava um blog chamado Tabula Gaza, sobre a situação dos palestinos. Ele afirmou que, durante sua detenção, policiais foram a seu apartamento e levaram computadores, câmeras, hard drives portáveis e anotações de pesquisa para sua tese de mestrado, além de entrar em suas contas de e-mail para ler as mensagens. O blog foi fechado. Informações de Paul Schemm [Associated Press, 12/2/09].