Friday, 08 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1313

Brasil entre os 10 primeiros em ranking de impunidade do CPJ

 

Metade dos jornalistas assassinados nos países que aparecem no Índice de Impunidade de 2013 do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) escrevia sobre política ou corrupção. Esse é um dos dados revelados pelo relatório anual da organização, que destaca “a violência moral e sem punição contra a imprensa”.

O Iraque permanece o país mais perigoso do mundo para jornalistas, com nenhuma condenação pelos assassinatos de 93 jornalistas na última década. O país vem ocupando lugar de destaque desde a invasão americana em 2003, mesmo com o declínio recente no número de assassinatos. Outros que estão há muito tempo na lista são Afeganistão, Colômbia, México e Sri Lanka. “Embora a Colômbia tenha tido um sucesso modesto na resolução de assassinatos, Afeganistão, Sri Lanka e México falharam completamente na condenação de diversos assassinatos. Isso leva a outro problema: autocensura”, observa o CPJ.

Mídia online em cidades pequenas

O Brasil ficou em 10º lugar de uma lista de 12 países – pior do que ano passado, quando ocupou a 11ª posição. Em 2010, o país ficou fora do ranking devido ao declínio dos ataques e ao número de condenações bem-sucedidas. “Mas uma onda de três anos de assassinatos – muitos direcionados a blogueiros e repórteres online, todos sem solução – mostrou que os ganhos foram ilusórios”, declara o CPJ, acrescentando que as cidades menores são as mais perigosas porque grupos locais com poder sobre a polícia e o judiciário ficaram impunes, enquanto em alguns casos as próprias autoridades atacaram jornalistas. Atualmente, há nove casos não resolvidos. No ano passado, quatro jornalistas foram assassinados, o número mais alto em uma década. Três deles trabalhavam para veículos online.

Já a Nigéria, que entra pela primeira vez na lista, ocupou o segundo pior lugar no ranking de impunidade da África (e o 11º no geral), ficando atrás apenas da Somália, devido ao aumento da violência contra a imprensa e a cinco casos não resolvidos. Os profissionais que cobrem as atividades do grupo muçulmano extremista Boko Haram são particularmente vulneráveis. Em 2012, o jornalista Enenche Akogwu, de um canal de TV independente, foi morto a tiros quando cobria ataques terroristas na cidade de Kano. A violência vem depois de uma década de relativa segurança para jornalistas.

Pior nível em uma década

O relatório anual sobre liberdade de imprensa da organização sem fins lucrativos Freedom House, divulgado também na semana passada, mostra que a porcentagem da população vivendo em sociedades com uma imprensa completamente livre é a mais baixa em mais de uma década. Dentre as razões para o declínio estão a repressão cada vez maior e mais sofisticada ao jornalismo independente e às novas mídias por regimes autoritários; os efeitos da crise econômica europeia e os desafios de longo prazo à sustentabilidade financeira da mídia impressa; e as ameaças de atores não estatais como islâmicos radicais e grupos de crime organizado.

Neste ano, entraram na lista de países “não livres” da Freedom House Equador, Egito, Guiné Bissau, Paraguai e Tailândia. Mali “sofreu o maior declínio em um ano, em uma década, devido a um golpe e à tomada da parte nordeste do país por militantes islâmicos”. Na Grécia, a mídia sofreu uma variedade de pressões como resultado da crise econômica europeia.

No continente americano, os EUA “têm ainda os desempenhos mais fortes na região, mas o desejo limitado de funcionários do alto escalão do governo para dar acesso e informações a membros da imprensa foi observado como uma preocupação”. Os EUA estão em 26º lugar no índice de liberdade de imprensa. O melhor lugar foi ocupado pela Noruega, e o pior, pelo Turcomenistão. Na Europa ocidental, a imprensa foi classificada como “parcialmente livre” na Itália e na Grécia.