Uma campanha popular de solidariedade visando A doar rádios comunitárias e mil radinhos de pilha ao povo do Haiti está sendo organizada pela ABCCOM (Associação Brasileira de Canais Comunitários), ABRAÇO (Associação Brasileira de Rádios Comunitárias), pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e pelas TVs Cidade Livre de Brasília e Comunitária do Rio de Janeiro. O objetivo é ajudar na reconstrução do país irmão devastado pelo terremoto por meio de um jornalismo de utilidade pública, com informações sobre orientação sanitária, ambiental e técnicas. ‘É uma maneira concreta de expressar solidariedade, na linha da informação construtiva, ao mesmo tempo em que também colocamos em prática uma iniciativa que contribui para a integração entre os povos’, declarou Beto Almeida, presidente da TV Cidade Livre de Brasília, um dos organizadores da iniciativa, que lembrou frase de um poeta nicaraguense que disse: ‘A solidariedade é a ternura entre os povos.’
As entidades vão arrecadar fundos entre militantes dos movimentos sindicais, populares, intelectuais, artistas e religiosos, comprar os equipamentos e doar ao governo federal, para que o exército brasileiro, que coordena a missão da ONU no Haiti, os transporte para lá, assegurando as condições para seu funcionamento mais adequado e útil ao povo haitiano devastado pela tragédia. A iniciativa dos militantes da comunicação comunitária coincide com o chamado que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez aos movimentos sociais no sentido de que declarassem ‘um ano de solidariedade ao Haiti’, oportunidade em que também criticou os países ricos por terem sonegado historicamente qualquer ajuda ao país do Caribe.
‘Militarização injustificável’
O presidente tem viagem marcada para o Haiti no próximo dia 25 de fevereiro e os organizadores da campanha esperam que até lá seja possível colocar na bagagem de Lula pelo menos uma parte da doação dos movimentos sociais ao povo haitiano. Para o jornalista Paulo Miranda, vice-presidente da ABCCOM, neste momento de dor e de tantas necessidades, o povo do Haiti também precisa dispor de meios para uma comunicação que lhe permita recuperar plenamente a cidadania e a soberania. ‘Além de todos os males causados pelo colonialismo, os norte-americanos continuam desinformando sobre a triste realidade do país. É preciso que os haitianos tenham meios para fazer uma comunicação soberana e cidadã’, disse Miranda.
Além dos equipamentos, as entidades citadas estão colocando à disposição do governo federal, comunicadores comunitários dispostos a se deslocarem ao Haiti para promoverem a instalação técnica dos transmissores, bem como cursos de capacitação de haitianos em técnicas que estão sendo já chamadas de jornalismo de reconstrução e jornalismo de integração. Segundo José Luis Soter, coordenador nacional da Abraço, ‘o deslocamento de comunicadores comunitários até o Haiti é importante porque significa plantar uma semente de comunicação libertadora e porque se traduz em exemplo pedagógico, prático e concreto, sobre o potencial solidário que as redes solidárias podem por em prática, quando são construídas as condições’.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) também apóia e participa da campanha ‘Uma Rádio Solidariedade para o Haiti’. Rosane Bertotti, secretária nacional de Comunicação da entidade, informou que ações de solidariedade estão sendo desenvolvidas pelos sindicalistas brasileiros em cooperação com a Central dos Trabalhadores do Haiti, lamentando que muitos de seus dirigentes perderam a vida no terremoto recente. Bertotti informou que a CUT está preparando o envio de uma delegação para o país caribenho para prestar solidariedade possivelmente com o envio de técnicos que possam ajudar na reconstrução no que for mais urgente e necessário. ‘O que não aceitamos é esta injustificável militarização que os EUA estão impondo ao Haiti’, disse Bertotti.
Informações sobre adesão
Os organizadores esclarecem que todo este trabalho é voluntário, sem qualquer salário ou remuneração, necessitando apenas que os equipamentos e os comunicadores sejam transportados para o país caribenho pelos vôos organizados pelo exército brasileiro. Para Moysés Correia, coordenador da TV Comunitária do Rio de Janeiro, é muito importante destacar a união entre civis e militares brasileiros, entre movimentos comunitários, exército e governo federal, para uma ação concreta de solidariedade que esta campanha representa. ‘É um exemplo para os países ricos que sempre negaram solidariedade e tanto exploraram o Haiti’, declarou.
A ABRAÇO e a ABCCOM estão convocando todos os movimentos sociais, centrais sindicais, partidos políticos, movimento estudantil, intelectuais e artistas e população em geral a aderirem a esta campanha já chamada de Rádio da Solidariedade Brasileira. A campanha será divulgada pelas rádios e TVs comunitárias, pela imprensa sindical, pelas emissoras de TV educativas e universitárias e pela imprensa alternativa. Os organizadores esclarecem que serão doados tantos equipamentos quanto seja possível comprar com a arrecadação, sempre considerando a disponibilidade de transporte para o Haiti. Em 2008, a TV Cidade Livre de Brasília e o Comitê de Solidariedade ao Timor Leste já haviam feito doação de uma aparelhagem de rádio comunitária ao Timor Leste. Os equipamentos foram entregues pessoalmente o presidente timorense José Ramos Horta, por ocasião da visita do presidente Lula ao país asiático.
Para mais informações, os interessados em aderir à campanha podem contatar em Brasília a TV Cidade Livre (61-33432713), a ABRAÇO (61-3369-4188), a ABCCOM (61-3344-2656), ou nos celulares 61-9964-8439 (Sóter) ou (61-9986-2373) Beto Almeida. Informações também pelos e-mails: ABRAÇO , abraconacional@yahoo.com.br ou ABCCOM, tvcidadelivredf@gmail.com ou com a TV Comunitária do Rio de Janeiro, no tvcrio@tvcrio.org.br.
Associação Brasileira de Canais Comunitários – Abccom
Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária – Abraço
TV Cidade Livre de Brasília
TV Comunitária do Rio de Janeiro
Central Única dos Trabalhadores (CUT)
Fitert – Federação Interestadual dos Trabalhadores de Rádio e Televisão