Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Campanha alerta para os perigos enfrentados por correspondentes

Há exatamente um ano, um grupo de jornalistas que cobria o conflito na Síria foi atacado na cidade de Homs. Quatro profissionais sobreviveram à explosão que matou a experiente correspondente de guerra Marie Colvin, 56 anos, e o fotógrafo freelancer Rémi Ochlik, 28. O primeiro aniversário da morte da americana Marie e do francês Ochlik, na sexta-feira [22/2], foi marcado por uma campanha criada para chamar a atenção para as perigosas condições enfrentadas por jornalistas que cobrem conflitos em todo o mundo.

“A Day Without News?”, ou “Um dia sem notícias?”, questiona o que aconteceria se os riscos enfrentados por repórteres, fotógrafos e cinegrafistas se tornassem tão grandes que ninguém mais ousasse cobrir os acontecimentos em regiões hostis. O propósito da campanha, segundo seu site, é chamar atenção para o crescente número de jornalistas mortos e feridos em conflitos armados – algumas vezes eles próprios alvos de ataques; desenvolver uma pauta diplomática, institucional e legal para combater esse problema de maneira mais eficaz; e dar apoio, com coleta de dados e investigação, a casos de crimes cometidos contra jornalistas. O objetivo principal, no entanto, é ampliar o apoio ao trabalho de organizações como o Comitê para a Proteção dos Jornalistas, a Repórteres sem Fronteiras e a Human Rights Watch, entre outras, que se dedicam à causa.

Proteção e memória

A ideia para a campanha surgiu em agosto do ano passado, após um debate na sede da ONU, em Nova York, com o tema “O preço da verdade”, e a apresentação dos vencedores da prestigiada premiação de fotojornalismo World Press Photo. Na ocasião, falou-se sobre o alarmante aumento do número de jornalistas feridos, sequestrados e assassinados, e questionou-se qual a melhor forma de se proteger legalmente esses profissionais. Apesar do ataque deliberado a jornalistas ser crime de guerra, na prática há pouco o que as leis internacionais de direitos humanos podem fazer a esse respeito.

Após o debate, em uma conversa de bar, Aidan Sullivan, vice-presidente da Getty Images, lembrou de um diálogo que havia tido pouco tempo antes com Yvers Daccord, diretor geral do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, sobre a necessidade de se conscientizar a sociedade sobre os perigos enfrentados pelos jornalistas em conflitos, começando pela própria comunidade jornalística. A fotógrafa Lynsey Addario, que sofreu um sequestro na Líbia em 2011 e também participou do debate na ONU, ressaltou que seria importante lembrar às pessoas dos profissionais mortos em conflitos, como Marie Colvin e Ochlik, Tim Hetherington e Chris Hondros. Também estava presente David Friend, editor da Vanity Fair, que criou o slogan “A Day Without News?”.