Folha de S. Paulo, 12/3
Eduardo Ohata
Teatro
O processo licitatório para os direitos de TV aberta do Clube dos 13 ontem apontou a única participante, a Rede TV!, como vencedora, com o lance de R$ 1,548 bilhão.
Mas foi uma frase do presidente são-paulino, Juvenal Juvêncio, aliado de Fábio Koff, líder do C13, que momentos depois melhor definiu a sensação predominante de que o episódio pode não ter servido para nada.
Ao ser questionado sobre o que ocorreria agora, Juvenal disparou: ‘Se tiver de responder sinceramente, a resposta é que não sei dizer’.
A abertura dos envelopes estava prevista para acontecer às 10h. A Globo já avisara que não iria participar, porém a desistência da Record pegou os cartolas de surpresa e tumultuou o ambiente.
O anúncio da vitória da Rede TV!, única participante, aconteceu cerca de duas horas e meia após o previsto, com a presença de representantes de seis clubes.
O contrato, no entanto, incluiu alguns itens que, se não forem cumpridos dentro do prazo de trinta dias, cancelam o valor do documento.
A validade do contrato está condicionada à ‘expressa anuência dos clubes que participam do Clube dos 13’.
Porém algumas das principais agremiações rebeladas, como o Corinthians e os quatro grandes do Rio, por meio do Botafogo, seu porta-voz, reafirmaram após tomar conhecimento da proposta da Rede TV! que não participarão de iniciativas do C13.
O representante da emissora na cerimônia, João Alberto Romboli, repetiu que qualquer diálogo com os clubes obrigatoriamente tem de passar pelo Clube dos 13.
‘Eles [Rede TV!] já haviam me procurado para conversar e os atendi. Mas, se soubesse disso [que estavam com o C13], nem os teria recebido’, disse Andres Sanchez, presidente do Corinthians.
A Folha revelou ontem artigo do estatuto do Clube dos 13 no qual a validade dos poderes da entidade como representante dos clubes de futebol em negociações fica condicionada à ‘anuência expressa dos associados’.
Koff, ontem, reafirmou seu status como representante das agremiações filiadas ao Clube dos 13, mas antes de abrir a entrevista para perguntas alertou: ‘Não me atrevo a responder questões de natureza jurídica’.
‘Agora passa a ser um problema do departamento jurídico do C13, porque depende da interpretação de estatutos, de resolver antecipações [financeiras] deste ano e até de 2012’, argumentou Koff.
Um outro importante ‘senão’ que aparece no contrato tem caráter financeiro: é o pedido da Rede TV! de período de trinta dias para reunir os patrocínios necessários para viabilizar a proposta.
Não foi entregue uma carta de fiança da parte da emissora, o que era pré-requisito para se firmar o contrato.
Folha de S. Paulo, 13/3
Juca Kfouri
Twitter, com moderação
É CADA vez mais frequente que tuitadas de jogadores de futebol causem crises e polêmicas. E até escândalos, quando envolvem sexo.
Sem câmara e com câmara.
Lá atrás, já houve de tudo no mundo da grande rede envolvendo gente do futebol.
Desde a famosa loira felina que arranhou a imagem de pelo menos um técnico de unhas polidas e de jogadores da seleção brasileira, até a mulher e o assessor de imprensa de Kaká, que criticaram o técnico Manuel Pellegrini, então no Real Madrid.
Para não falar das críticas dos meninos da Vila Belmiro a Robinho e a frase do goleiro santista Felipe, que disse gastar mais com a ração de seu cachorro do que o salário ganho pelo internauta que o criticou numa sessão de bate-papo.
Agora mesmo, na semana que passou, Jucilei gozou o resultado da Gaviões da Fiel no Carnaval paulistano, e Kleber desabafou para cima de Felipão.
Ronaldo Fenômeno já perdeu a cabeça com Casagrande e já contra-argumentou com o direito que tem de se expressar, como fazemos nós, jornalistas.
Note que, entre os citados por gafes ou exageros, há um jornalista, embora do outro lado do balcão – assessor de imprensa.
Mas há mais. Há jornalistas que, chocados com o grau de agressividade dos comentaristas em blogs, acharam melhor parar com a brincadeira.
Dou, aqui, um depoimento pessoal: nada me surpreendeu tanto em minha vida de mais de 40 anos na profissão do que o tal do blog. Mais: se eu soubesse, não teria feito um.
Porque o blog escraviza, como se obrigasse a não parar de produzir, de trabalhar.
Twitter, então, que não tenho e permaneço firme na decisão de não ter, assim como o Facebook, deve ser pior, e tem jornalista que só falta dizer o que está indo fazer no banheiro.
A quem interessa, não sei, embora o número de seguidores dos que, portanto, se interessam, muitas vezes seja estonteante.
E não quero fazer coro aqui com os que dizem que pé de atleta tem cura, mas cabeça não.
Apenas recomendo fortemente que se pense antes de tuitar. Porque fica mal alegar que foi ‘raqueado’, como fez Jucilei diante da indignação, injustificada, diga-se, dos gaviões.
Afinal, se palavras calam, se palavras ferem, pior ainda fazem pedradas e socos.
Mas também elas, as palavras, devem ser usadas com moderação.